#AArteDePensar
Para Paul Valéry, preservar a inteligência não é luxo nem esnobismo, mas a única possibilidade de sobrevivência da cultura
O mundo moderno, para Paul Valéry, não se define pelo progresso contínuo, mas pela instabilidade permanente. Em Regards sur le monde actuel (sem tradução no Brasil), publicado em 1931, ele descreve uma civilização que perdeu a confiança na duração de suas próprias formas. A técnica acelera tudo, a política reage aos impulsos do momento e o pensamento passa a correr atrás de acontecimentos que já não consegue dominar.
Esse diagnóstico se aprofunda quando se lê A Arte de Pensar, título sob o qual estão reunidos alguns ensaios de Valéry sobre inteligência, método e atenção. Ele defende que pensar não é um dom espontâneo nem ter opiniões rápida, mas um exercício rigoroso e quase ascético, que requer disciplina, silêncio e discrição — exatamente o oposto do mundo ruidoso e indiscreto que ele via se formar.



