Francisco é o papa ideal para uma era de marketing ideológico. Para conservadores, um comunista disfarçado de pastor. Para progressistas, o salvador do clima, da ciência e da empatia. Menos Vigário de Cristo. Tudo menos um Papa que reza o terço ao pé da Cruz, em oração contrita, na esperança da salvação.
Numa coluna da Folha, intitulada “Francisco, o Papa que entendeu a ciência”, Reinaldo José Lopes escreve que “toda a primeira parte da Laudato Si’ poderia muito bem fazer parte de uma publicação do IPCC”.
Como se Francisco tivesse escrito um paper, com revisão de literatura, gráfico de temperatura e citação de relatório climático. A tradição da Igreja, reduzida a anexo técnico. Juro que pensei nos jesuítas se revirando na tumba.
Porque Francisco não “entendeu a Ciência”. Ele é o líder da Igreja que promoveu e sustentou a investigação racional do mundo.
As primeiras universidades surgiram por iniciativa da Igreja. Foram monges católicos que preservaram e traduziram manuscritos clássicos com a queda do Império Romano. O pai da genética, Gregor Mendel era monge agostiniano. E a Teoria do Big Bang foi formulada por um sacerdote católico chamado Georges Lemaître.
Convenhamos: Laudato Si não inaugura nada. Francisco não inventa. Comunica. Ensina. Porque o papa João Paulo II já alertava sobre os riscos ambientais; e Bento XVI, da “ecologia humana”.
Mas a fé do colunista da Folha não é religiosa. É ideológica. O seu Francisco é só um personagem agradável. Um papa “boa praça” para a imprensa, que o vê como um opositor da tradição a partir de um imaginário progressista.
A Igreja e o papa Francisco sempre entenderam a Ciência. Mas os jornalistas nunca entendem a própria ignorância.
Adorei o texto. Enfim encontro alguém que analisa de verdade quem é o seu Francisco. Parabéns! ET: sou católica desde sempre
Gostei demais do texto, fala algo muito próximo do que penso, tanto sobre o Papa quanto sobre a Imprensa!