Em 1914, Rui Barbosa deveria ter feito uma conferência na cidade de Santos. Mas no dia do evento entrou em erupção o lendário Vulcão do Macuco, cuja história remonta à 1896: três funcionários do município perfuravam o solo e acabaram provocando um fenômeno tão estranho quanto inédito em solo brasileiro: “o buraco passou a expelir lama e labaredas que chegavam a 10 metros”, dizia a crônica da época. A curiosidade levou a cidade inteira para o espetáculo da natureza. Os comerciantes armaram suas barracas, os escatológicos anunciaram o fim do mundo, enquanto os videntes faziam previsões do futuro. Tirando os comerciantes e os videntes, que sempre enriquecem, o escatológicos se frustraram, pois o mundo, teimoso, não acabou.
A história é verdadeira. Menos a parte da erupção no dia da conferência de Rui Barbosa, cujo cancelamento jamais fora justificado. No manuscrito de 32 laudas, com o título “A crise moral”, consta apenas um lacônico “importante conferência que deveria ter sido dada em Santos.” De qualquer forma, os eventos guardam semelhanças inegáveis.