Muitas vezes, procuramos na política a origem dos maiores problemas do nosso país: da impunidade à desorganização estatal, passando pela péssima educação da população. As raízes dessas mazelas, entretanto, estão num lugar bem menos óbvio: estão, na verdade, na inexistência das pequenas proibições sociais, que são tão comuns em nações desenvolvidas. Restrições essas que podem parecer insignificantes a princípio, mas que, de acordo com falecido sociólogo americano Philip Rieff, são "a essência de qualquer cultura".
Sem “as interdições profundamente enraizadas”, dizia Rieff, uma sociedade deixa de exercer uma cultura genuína. Estudos científicos recentes, curiosamente, ecoam a tese do sociólogo. Para a psicóloga Jennifer Bosson, da University of South Florida, pessoas desconhecidas se aproximam mais por sentimentos negativos do que por sentimentos positivos. Isso significa que não gostar das mesmas coisas cria laços mais poderosos do que gostar de coisas em comum.