#AFestaDasMáscaras
No Brasil, as ideias não são moribundas. Na verdade, elas já morreram.
A melhor maneira de assassinar uma ideia é venerá-la. À força de a repetir, transforma-se em estereótipo, ao ponto se poder recitar pensando no último jogo França-Inglaterra!
Boris Cyrulnik
Quantas ideias moribundas são veneradas no Brasil? Alheias à realidade, mas incansavelmente repetidas, com seriedade, por pessoas que se posicionam como intelectuais, como a elite pensante da nação. Acusam de loucos todos aqueles que não enxergam a perfeição quadrangular de suas ideias. Deliram com suas convicções.
É como na lenda da cama de Procusto, o criminoso que recebia viajantes em sua propriedade na Ática com um generoso jantar e, na hora de dormir, oferecia uma cama na qual os hóspedes deveriam se encaixar com perfeição. Se eram altos, Procusto cortava-lhes a cabeça; se eram baixos, quebrava-lhes os ossos, para esticá-los de modo que ocupassem o espaço com precisão.
As ideias veneradas no Brasil são as camas nas quais a realidade precisa se encaixar. Os devotos cortam sua cabeça para que ela fique pequenina ou arrancam seus ossos para poderem estirá-la, até que a pobre realidade se ajuste perfeitamente à cama do Procusto da vez.