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RIP John Barth, um escritor maravilhoso, injustamente esquecido.

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abr 03, 2024
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*por André De Leones

John Barth - que faleceu ontem, aos 93 anos de idade - disse algo engraçado sobre seus dois primeiros romances, os formidáveis (mas "convencionais") The Floating Opera e The End of the Road: eles não sabiam que eram romances. Talvez seja a melhor e mais bem-humorada definição do (na falta de expressão melhor) pós-modernismo que já vi. Tomei conhecimento dela aos vinte e poucos anos e trabalhei para que os meus dois primeiros romances soubessem direitinho o que eram.

Barth também me ensinou uma coisinha ou outra sobre a alegria selvagem dessa autoconsciência narrativa, que aos poucos (como escritor, não como leitor) troquei pelo cinismo selvagem da ignorância e do anacronismo como opções estéticas¹. De certo forma, troquei a psicose metaliterária pela psicopatia romanesca.

Paris Review - The Art of Fiction No. 86

Ao contrário do que alguns otários afirmam, o tipo de experimento ensejado por autores como Barth não se esgotou, conforme demonstram jovens (em comparação com o autor nonagenário de Giles Goat-Boy) como Mark Danielewski e Evan Dara. No Brasil, eu cito os livros do Pellizzari, Porca, de Alexandre Marques Rodrigues, e As visitas que hoje estamos, de Antônio Geraldo Figueiredo Ferreira, como exercícios recentes tão distintos quanto bem-sucedidos de liberdades variadas. Acho que Antônio Geraldo errou a mão em Siameses, mas há ali passagens muito bonitas e muito engraçadas. E, ademais, a monumentalidade do livro (1335 páginas) e sua estruturação fanfarrona que emula a posição do autor (falamos sozinhos falando com alguém, se é que você me entende) são, em si, afirmações de liberdade.

Não cometeria o erro, a indignidade e a arrogância de dizer que Siameses talvez fosse melhor se o autor cortasse alguns trechos e centenas de páginas². O romance é o que é. Eu o leio e avalio assim, na inteireza proposta pelo autor. É uma estupidez muito comum por esses dias sair por aí querendo amputar os livros alheios. E é uma sintoma daquilo que abordei em outra oportunidade, de que há muita gente que não lê os livros pelo que são, mas pelo que gostariam que eles fossem — em geral, algo muito pior, pois essa galerinha é burra pra caralho.

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