#AGuerraContraShakespeare
A "descolonização" de William Shakespeare em meio a alegações de que sua obra promoveu a “supremacia branca” !
Certos autores, poucos, muito poucos, escreveram obras que atravessaram décadas, séculos, e que por mais que leiamos, jamais chegaremos a compreender em sua totalidade, pois elas vasculham “todas as coisas, o fundo dos segredos de Deus”. E como nos mostra Ron Rosenbaum, em seu livro As Guerras de Shakespeare, é o bardo inglês aquele que ao buscar este fundo dos segredos de Deus, criou textos que perscrutam os limites da linguagem ao ponto da insondabilidade, que não tem fundo ou fim, a linguagem shakespeariana “move-se deliberadamente rumo a um tipo de reticência que (...) pode se aproximar do silêncio”.
Tal profundidade sem fundo é aquilo que faz de Shakespeare (e alguns pares) universal.
Edward Wilson-Lee passou anos estudando a obra de Shakespeare e seu impacto em países do continente africano, em seu livro Shakespeare in Swahililand, ele conta, com espírito aventureiro, como as peças e poemas do autor inglês impactaram indivíduos, comunidades e a cultura de países como Quênia, Tanzânia e Uganda. Sem se esquivar de enfrentar a discussão sobre o colonialismo e suas consequências, ele mostra como Cymbeline, Otelo, Hamlet, e outras criações shakespearianas sempre ressoaram ao espírito humano e fincaram raízes profundas no continente africano.