O NEIM começou com um projeto feito por quatro pessoas que prezam duas características: independência - e risco.
É óbvio que a empreitada iria ter os seus obstáculos. Não seria fácil. E não está sendo fácil.
Mas os quatro fundadores deste site sabem que, sem as características acima, a vida não teria graça nenhuma.
Todo dia no NEIM é um elogio à loucura da arte, seja como sátira, cultura, jornalismo, política ou literatura.
O estagiário, que é pobre porque resolveu investir sua vida neste tipo de insanidade, tem como patrono um sujeito que ninguém sabe quem é no Brasil: William Gaddis.
Se quiser conhecer mais um pouco sobre ele, é apenas ler o ensaio abaixo:
Aqui vai um aperitivo:
“Pois como estamos saturados de vozes, saturados de melodias desconexas, de ruídos que não permitem mais ouvir o silêncio que deveria nos preservar de toda a correria do progresso tecnológico, não conseguimos mais escutar, se é que alguma vez nós já fizemos isso, a voz daquele que capta o que ninguém consegue expressar com os meios limitados que a linguagem humana apreende e rapta entre os nossos semelhantes. Esta voz é a do artista, do escritor, do poeta, do músico que passa por um treinamento, uma ascese, um árduo exercício, para controlar suas paixões, seus demônios interiores e assim transformá-los em um objeto singular, único, dotado de razão, ordem e proporção, sempre com a finalidade de que, uma vez em contato com alguém que possa compreendê-lo adequadamente, pressinta a concórdia que já havia no coração do seu criador e possa transmiti-la a quem quiser ouvir. O problema é que, segundo Gaddis, ninguém mais quer escutar qualquer espécie de voz, principalmente a voz que vem de nós mesmos, o “fundo insubornável do ser” sobre o qual Ortega y Gasset tanto meditou, não porque o mundo faça de tudo para que isso não aconteça, mas sim porque […] o próprio artista não deixa isso ocorrer em sua própria vida, sufocando a melodia interior que deveria sair naturalmente por meio de pactos fáusticos com a mentira existencial, representados por plágios feitos por dinheiro ou por qualquer espécie de corporação — estatal, privada, religiosa e artística.”
Viver é um risco. Mas nem todos percebem.
Fiquei fã do W. Gaddis tb, obrigada!