#AMissão
Um novo partido e o exercício aristotélico de encontrar virtudes potenciais na observação dos nossos vícios mais arraigados
Se aprovado, o partido Missão, idealizado pelos membros do MBL, será o 30º partido político do país. Com a fase das assinaturas oficialmente vencida, a legenda pretende concluir todo o processo ainda em outubro, para disputar as eleições de 2026.
A criação de um novo partido desperta, naturalmente, diferentes graus de esperança e de incredulidade. Com bandeiras como liberalismo econômico, redução do Estado e a proposta de uma nova Constituição, a legenda se apresenta como adversária do Centrão e do PT – ou seja, da totalidade da política atual, se lembrarmos a declaração do próprio Bolsonaro de que é e sempre foi Centrão. Diante disso, é inevitável que muitas pessoas frustradas, principalmente com a eleição de 2018, sintam que já ouviram essa história antes.
A polarização na política brasileira tem esse aspecto de reconfiguração que não antagoniza de fato, mas usa a retórica para mascarar uma espécie de endocitose, na qual políticos e partidos que se apresentam como anticorpos ao sistema são absorvidos, metabolizados e neutralizados por essa grande célula que chamamos de Centrão. No fim, nunca há reação, só digestão.