#AntiPolíticaDoPertencimento
Em "A armadilha da identidade", Yascha Mounk faz o que poucos intelectuais contemporâneos ainda se atrevem a fazer: pensar!
Nessa época em que tudo é motivo para cancelamentos, o professor da Universidade Johns Hopkins ousou dizer que o império das minorias – não das pessoas, mas das causas – virou o novo dogma da intelligentsia acadêmica. E, como todo dogma moderno, é vendido com a embalagem reluzente da virtude.
Em A armadilha da identidade, Mounk explica, de forma muito metódica, a decadência intelectual que transformou ideias sofisticadas de Marx, Foucault e Derrida em slogans de camiseta da juventude de DCE. É o triunfo da emoção sobre a razão, do pertencimento sobre o pensamento. Tudo não passa de um verdadeiro desfile de bons mocismos que termina, invariavelmente, em picaretagem intelectual.
O historiador marxista Eric Hobsbawm já havia percebido algo semelhante quando classificou como despolitização a lógica do focus groups. O governante que abandona princípios para seguir o “espírito do público” é o mesmo que troca ideias por aplausos. A esquerda, dizia Hobsbawm, caiu numa armadilha quando abandonou suas lutas históricas com a classe trabalhadora para ficar bem na fita com os grupos identitários. Porque o identitarismo não é um movimento político, mas uma tendência de mercado, em que não existem mais cidadãos, mas consumidores disputando likes e, naturalmente, os vendedores aproveitando para encher a carteira de grana.
Mas é no livro de Mounk que encontramos uma análise crítica da “síntese de identidade”, que o autor afirma ser um conjunto de ideias que se originou na academia, especialmente a partir do pós-modernismo e dos estudos de raça, gênero e sexualidade, e que hoje influencia fortemente o debate público, a política e as instituições governamentais.
Ao final, Mounk defende um retorno aos valores universais e humanistas, propondo que a justiça social e o combate à discriminação devem se basear em princípios comuns a todos, e não em categorias identitárias fixas.
A armadilha da identidade é, portanto, uma crítica intelectual e também um apelo político por uma sociedade que reconheça as diferenças sem abrir mão dos valores comuns que une a todos nós.
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A armadilha da identidade
Yascha Mounk
Edições 70, 2024
504 páginas






São inventados novos rótulos para criar um mercado consumidor de ideias.
Gostei! 🤗
SEXTOU! Momento DETOX BR!
Café na padoca e exposição do Raul.
Bom fim de semana, pessoal! 🥃💪🏻