#AobraÉMinha
O túnel Santos-Guarujá já virou símbolo da velha prática patrimonialista brasileira
O túnel Santos-Guarujá é uma promessa que dura quase um século. O primeiro projeto é de 1927. Desde então, virou propaganda de campanha eleitoral de todos os candidatos à governador de São Paulo, junto com a famosa despoluição do Rio Tietê.
A promessa virou projeto, maquete e agora motivo de desavenças entre Tarcísio e Lula, antecipando a disputa eleitoral do ano que vem.
A expectativa é que a construção seja iniciada em 2026. E finalizada em 2028. Mas a gente sabe que no Brasil toda obra pública custa muito mais do que o valor inicial, e o tempo de execução é sempre incalculável.
O Rodoanel começou a ser construído em 1998 e até hoje não terminou. São 27 anos com a média de construção de inacreditáveis 4 quilômetros por ano. Com períodos de superfaturamentos apontados a cada 4 anos pelo TCU.
É sempre o mesmo filme.
O túnel Santos-Guarujá nem saiu do papel e já virou símbolo da nossa velha prática patrimonialista. Todo mundo se acha dono do dinheiro e da obra. Mas os proprietários somem quando se descobre desvios de recursos e atraso nas obras. Aí ninguém sabe, ninguém viu, ninguém é responsável.
Esse país é um atraso.
Quando começam as cobranças a respeito dos gastos e das demoras, as obras públicas se transformam em crianças órfãs. Ninguém quer ser o pai. Mas quando para inaugurar, acontece briga para encontrar o responsável.