#AOpçãoPreferencialPelaDanação
Ontem foi o aniversário do cineasta favorito dos traidores: Martin Scorsese
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Na metade dos anos 2000, alguns críticos mais enfezados adoravam divulgar que Martin Scorsese seria somente um cineasta medíocre. Contudo, após o lançamento de Ilha do Medo (Shutter Island, 2010), essas suspeitas se tornaram infundadas. É simplesmente um de seus melhores filmes, que fica anos à luz de alguns bons longas (mas derivados) como Os infiltrados — e não deixa nada a dever ao seu cânone, composto por clássicos como Taxi Driver, Touro Indomável, Os bons companheiros, Cassino e até mesmo películas subestimadas como Gangues de Nova York (2002) e O Aviador (de 2007, irmão-gêmeo de outra pérola esquecida dos anos 1980, dirigida por um contemporâneo seu, Tucker [1988], de Francis Ford Coppola).
A obra de Scorsese peca por ser irregular, mas jamais por falta de vitalidade. Ela não consegue, por exemplo, atingir a coesão de intensidade de um Kubrick, de um Bresson ou até mesmo de um John Ford. Existem altos e baixos — mas jamais um filme ruim ou até mesmo insuportável de assistir. Scorsese sempre quis fazer um cinema que atingisse o público no âmbito dos sentimentos e que também o completasse como autor, um artista que usa o meio para expressar suas obsessões.
Este método deu certo em Depois de Horas, Cabo do Medo (Cape Fear, 1991) e A Época da Inocência (de 1993, talvez sua obra-prima e seu filme mais subestimado pela crítica), mas com Ilha do Medo, ele realizou aquilo que era uma de suas intenções desde o início da carreira: o filme subversivo.