#APesteDeCadaUm
O romance de Albert Camus ainda tem muito a nos dizer, sobretudo na confusão ideológica da nossa época, o que explica ele continuar sendo um best-seller em diversos países
Parte 1
Ratos. Mortos. Na escada do seu prédio, na calçada em frente ao seu escritório, dezenas, centenas de ratos saem dos bueiros, cambaleantes, e morrem, ensanguentados. Você é sofisticado, diplomado, sabe que não há nada de sobrenatural nisso. Deve haver uma explicação científica, e ela é urgente. Você liga para o médico da família mas ele também não sabe explicar o que está acontecendo com os ratos. Fazem contato com o Secretário de Saúde do Estado, são recebidos com um sorriso condescendente e um tapinha nas costas: não é nada, não se preocupem, sabe como é, o aquecimento global, algum agrotóxico, etc.
Só que não. A cada dia, montanhas asquerosas de ratos mortos são incineradas. Pior, o zelador do seu prédio aparece muito doente, cheio de manchas pelo corpo, delirando. Ao levá-lo para o hospital você se depara com uma pequena multidão, gritos, gente nos corredores, muitos com o mesmo aspecto do zelador. É uma epidemia! Aquela noite você vê no noticiário as autoridades afirmarem com convicção que não há motivo para pânico. É apenas uma gripinha.