Hoje, no domingo, dia das Mães, a Folha resolveu mostrar que está do “balacobaco”.
Ou, no caso, da balalaika.
Em primeiro lugar, temos a seguinte manchete, acompanhada pela auspiciosa linha fina:
Na moda, Rússia acena para Sul Global e tenta ignorar guerra e domínio da Europa
Fuga de grifes ocidentais e sanções comerciais fizeram com que país de Putin tivesse que procurar novos mercados, na marra
O estagiário realmente achou que seria uma matéria séria. Até ler dois trechos. Eis o primeiro:
Depois do início da guerra com a Ucrânia, que por aqui é chamada de operação militar especial, a Rússia passou a olhar mais para o mercado interno, ao passo em que começou a dar mais acenos para economias fora do eixo Estados Unidos-Europa. Houve até pequenos gracejos para um país distante e exótico chamado Brasil.
Quando a estilista brasileira Marina Dalgalarrondo recebeu o convite para apresentar o seu trabalho na Semana de Moda de Moscou, sua primeira reação foi de susto e apreensão. "A gente tem uma visão muito específica sobre o que está acontecendo e nos preocupamos", diz.
Dalgalarrondo, no entanto, conta que passou a entender que a questão era mais complexa. "Como eu, uma estilista brasileira com tão poucas oportunidades, poderia fazer um boicote?", questiona. "E se fosse um convite para a Semana de Moda de Nova York, você problematizaria, já que os Estados Unidos também têm uma postura bélica? E não, eu não problematizaria", ela mesma responde.
A estilista brasileira então desembarcou em solo moscovita para exibir na passarela do histórico salão Manege, ao lado do Kremlin, as roupas da sua marca, a Ão, junto de designers de países como Turquia, Etiópia, Indonésia e África do Sul.
E então tudo se esclareceu com o segundo trecho, uma informação essencial para quem ainda tem o costume de ler as letras miúdas de uma reportagem; o estagiário vai ampliá-las aqui para facilitar a visão míope de alguns jornalistas que nos acompanham (e roubam nossas pautas):