#ÀProvaDeReforma
"Se você ficar uma semana fora do Brasil, tudo muda. Se você ficar sete anos fora, nada muda”.
Dois dos meus textos mais lidos aqui no NEIM compartilham do mesmo tema: as origens das mazelas do nosso país. Neles, eu finjo que sou uma espécie de Champollion e que o Brasil é a minha Pedra de Roseta. É tudo teatro, claro, afinal o Brasil pode até ser uma esfinge, mas - parafraseando Oscar Wilde - é uma esfinge sem segredo. Ninguém pode decifrar esse país porque não há o que ser decifrado. Tudo é tão óbvio, tão escancarado à luz do dia que falar mal do Brasil e apontar seus problemas acaba se tornando fácil, não exigindo muito talento nem maestria literária.
Ainda assim, nós, brasileiros, buscamos sempre pela nova grande síntese do país. Já buscamos por ela em pessoas como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Raymundo Faoro. Nossa busca é desesperadora, quase masoquista. Mas é única esperança que nos resta para tentar achar alguma lógica que dê significado ao caos que testemunhamos todos os dias. É uma maneira, portanto, de nos confortarmos e de pensarmos de maneira contrafactual, imaginando que, se isso ou aquilo tivesse sido feito, o país hoje seria diferente.