#AQuedaDaGrandeBabilônia (5)
Sobre "Berlim", graphic novel de Jason Lutes, uma das obras-primas da nossa época.
[Leia aqui a quarta parte do ensaio]
*Por Vicente Renner
Muros
O segundo exemplo de símbolo recorrente em Berlim que merece uma análise mais cuidadosa é o muro.
Berlim, de fato, está cheia deles. Para usar o exemplo de Kurt: ele deseja, no início da hq, que a produção intelectual da cidade se transforme em um. Quando ele enxerga que a sua ex-amante, a aristocrática Margareth, já na parte final da história, está promovendo uma recepção para arrecadar fundos para a campanha de Hitler, o quadrinho é dominado por outro.
O muro, evidentemente, não é um símbolo utilizado apenas em Berlim, a hq. É presença frequente na obra de De Chirico, pra ficar em um exemplo já citado, e é uma característica importante de Berlim, a cidade.
Aqui, no entanto, a ideia não é analisar esse símbolo em relação à história de sua representação na arte, como fizemos no caso do trem. A ideia é entender qual é a forma pela qual Lutes costuma utilizá-lo em outras histórias, e como ele transforma isso em um comentário sobre regimes totalitários pertinente à cidade de Berlim.
O primeiro passo desse processo é simples. Muros figuram de forma notável em duas histórias de Lutes, além de Berlim: Jar of Fools e Rules to Live By, história curta autobiográfica publicada em Autobiographix, excelente hq da Dark Horse Comics.