Hoje o estagiário resolveu puxar o saco da diretoria, mas antes o leitor precisa dar uma olhada no casal abaixo:
Eis um assunto que vai interessar a menos de sete pessoas no Brasil. Porém o busílis é o seguinte:
Há cerca de uma semana, a prestigiada Vanity Fair publicou uma reportagem assinada por um sujeito chamado Vincenzo Barney (é isso mesmo, você leu corretamente) a respeito do caso amoroso que o escritor americano Cormac McCarthy teria tido então com uma jovem de 16 anos chamada Augusta Brill (hoje uma senhora de 67).
Cormac McCarthy é um dos grandes escritores do nosso tempo e só não ganhou o Nobel de Literatura porque o mundo é repleto de estupidez. Quem duvida isso é só ler Meridiano de Sangue, a prova de que o romance ainda tem uma sobrevida invejável.
A polêmica da reportagem não se deu apenas por causa da diferença de idade entre os dois - ou porque McCarthy teria agido como um “predador sexual”, segundo alguns comentaristas da grande imprensa (nacional e internacional).
A verdadeira polêmica se deu porque o furo literário do ano foi feito por este gajo abaixo:
Isso mesmo: um zé-ninguém do nada teve acesso a algo que nem os biógrafos de um autor reconhecidamente recluso conseguiram: 47 cartas que cobrem, em parte, a tal da “história de amor” entre Cormac e Augusta.
E mais: um zé-ninguém com o inacreditável nome de Vincenzo Barney.
Imediatamente, criticaram o estilo da reportagem. Alegaram que foi mal-editada. Que era mal-escrita (waall…). Enfim, crucificaram o Barney.
O motivo também seria moral, pois ele teria “romantizado uma relação abusiva”.
(Cormac manteve uma relação respeitosa e carinhosa com Augusta até o final da vida)
Mas vocês sabem como tudo começou - e que é a verdadeira razão de odiarem o nosso Barney?
Tudo começou em um Substack.
Isso mesmo. Barney tinha um Substack com seis leitores. Aí ele escreveu um texto sobre McCarthy. Uma dessas leitores era justamente Augusta Brill. Que entrou em contato com Barney e disse que tinha revelações sobre o escritor recentemente falecido. Barney foi atrás dela. Morou por quase um ano com a jovem senhora. E conseguiu as cartas e a revelação do ano.
Se não fosse pelo Substack, Barney não chegaria à Vanity Fair - que entendeu algo que o resto da mídia corporativa ainda não captou: o futuro pertence aos Vincenzos Barneys da vida. Eles perceberam que Augusta tinha uma história a contar - e fizeram isso sem cair nos clichês da política identitária.
Daí o medo, o ódio e a fúria contra o pobre coitado. E não só isso: a bomba simplesmente destruiu toda uma comunidade de estudiosos sobre Cormac McCarthy, que já tinham feito suas ideias fixas a respeito do autor. Alguns afirmaram que nunca mais escreveriam a respeito do autor de Todos os Belos Cavalos (aliás, livro fortemente inspirado na figura de Augusta).
No Brasil, o Substack ainda não emplacou porque, infelizmente, o jornalista e o escritor tupiniquins não entenderam que se pode, sim, ganhar dinheiro com a sua vocação sem depender de grandes editoras, grandes jornais e grandes redes de TV. Ele está eternamente aprisionado em um corporativismo cognitivo.
Daí que o NEIM vai na contramão desta tendência. E daí (de novo) que ele precisa do assinante, mais do que nunca.
Por isso, aproveitem os últimos dias da nossa promoção:
O estagiário já adianta, num furo exclusivo, que os novos preços serão: R$14,90 (mensal) e R$ 150 (anual).
E, claro, se quiser, o leitor pode aproveitar fazer o PIX de R$ 240, que lhe dará uma assinatura de dois anos, no seguinte endereço:
pix@naoeimprensa.com.br
Ainda assim, é barato, muito barato, especialmente para que você faça parte do futuro da mídia.
Ou você tem medo de ser o próximo Vincenzo Barney? Se deu certo para ele, porque não pode dar certo para todos nós?
Bom dia! Muito legal o texto... vou renovar a minha assinatura.
Uma pergunta: já não temos o Dodge, e o Bernardo Telles? Não escreverá mais?
Ele faz falta aqui.
Quero pagar o preço novo, ora pois...