#ArianaHarwicz(4)
Morra, amor (Instante, 2019) e A débil mental (Instante, 2020): resenha de Vivian Schlesinger
Parte 4
O que está aí escondido pode vir à tona nas pessoas ditas normais porque a linha que divide o lícito do ilícito para qualquer um de nós pode ser muito estreita.
O humor negro, a incômoda proximidade do horror ao riso, intensifica a tensão nos dois romances. A mãe, em Morra, amor, coloca um bebê de plástico no carro fechado em um dia de calor extremo só para divertir-se com o desespero dos vizinhos, que chamam os bombeiros e uma ambulância. Para Harwicz, a precisão estilística está acima da linearidade cronológica. Os conflitos dessas personagens não se enquadram nas leis de causalidade dos eventos. O que era considerado tabu não está necessariamente nos temas e sim nas formas. Ela afirma que
Muitos teóricos da arte dizem que já não se pode escandalizar. Já houve de tudo nos museus: defecou-se, copulou-se, mostrou-se um cão morrendo de fome. O tabu agora está no como. Na maneira de contar algo ainda se pode gerar uma estética ou uma sintaxe que comova ou escandalize.