As reações extremas do público a respeito da quarta temporada da série True Detective, estrelada por Jodie Foster, mostram que as únicas perguntas importantes são as seguintes, na hora de lidar com o complexo assunto da ficção: Qual é o papel primordial de se contar uma história? Educar o leitor e o espectador para o deleite de contemplarem corretamente o mundo ao seu redor? Será que ela permite que a existência humana tenha uma solução? Ou será que essa solução estaria nesta mesma história que nos ajuda a criar nossas próprias narrativas, falsificando a vida numa ilusão sobre a verdade a ser jamais alcançada?
Essas eram as perguntas que assombravam Nic Pizzolatto quando ele começou a entrar nesse negócio esquisito chamado “a arte de escrever”. Mas havia algo que não engrenava. Apesar de ter tido dois contos publicados nas prestigiadas revistas Harper’s Magazine e Esquire e de ter lançado seu romance de estreia, o noir Galveston – no fundo, uma meditação emocionante sobre perda e redenção –, ele sentia que não explorara todas as possibilidades do meio narrativo. Além disso, precisava pagar as contas da casa. Então, abandonou a literatura e decidiu que investiria na confecção de roteiros para a televisão – mais especificamente, as séries de TV que ainda faziam parte da chamada “Era de Ouro”.