#ASombraDeJoséDirceu
A influência de Fernando Neto, dirigente petista e ex-procurador de José Dirceu, nos eventos de 8 de janeiro
Há notícias que nos deixam perplexos, outras que nos escandalizam, e algumas que simplesmente nos indignam. E, claro, há aquelas que fazem tudo isso ao mesmo tempo. Quem não se lembra do horror que foi quando Lula disse que Gleisi seria boa ministra porque é bonita?
Outras notícias caem na insignificância mais absoluta. A compra do Banco Master com dinheiro público não escandaliza. A contratação da esposa de Alexandre de Moraes como advogada do Banco Master, provavelmente não terá grande repercussão. O fato de Alexandre de Moraes ser relator de um inquérito contra o assessor sem foro privilegiado de Alexandre de Moraes, por conta de vazamentos de informações que prejudicariam Alexandre de Moraes, também é coisa corriqueira.
No dia 01/04, o Estadão trouxe outra notícia indolor e indolente.
Desde o ano passado, o repórter Vinícius Valfré tem realizado um longo histórico sobre o empresário Fernando Neto e o seu prestígio palaciano.
Mas, salvo engano, as caras e bocas da indignação ainda não se concentraram nesse tema. Talvez não seja má vontade. Pode ser só preguiça porque o assunto é longo, cheio de tramas já conhecidas...
Em agosto de 2024, Valfré revelou:
“Um antigo “faz-tudo” do ex-ministro José Dirceu (PT) opera um banco com lastro falso de R$ 8,5 bilhões e percorre o Palácio do Planalto, a Esplanada e o Congresso fazendo lobby e oferecendo serviços em reuniões fora de agendas públicas. O Atualbank usa documentação falsa do Tesouro Nacional, tem “laranjas” envolvidos na constituição e é ligado a um estelionatário condenado no Mato Grosso.
CEO do banco, Fernando Nascimento Silva Neto, de 40 anos, acumula os negócios com sua atuação no PT. Filiado ao partido desde 2004, é dirigente da sigla na cidade de Brasília, ex-membro do diretório do DF e participou do processo eleitoral nacional da legenda, em 2019. Recentemente, passou a exibir prestígio na capital: posa com governistas, centrão e até opositores, ganhou título de doutor honoris causa de uma faculdade privada, publicou na revista do Superior Tribunal Militar e circula nos bastidores falando de tendências do governo.”
A lista de credenciais do ex-procurador de Dirceu é impressionante:
Em 2020, o prestígio de Fernando Neto o levou a ser convidado por Nicolás Maduro para acompanhar as eleições venezuelanas como observador.
Todo esse crédito foi conquistado com muito estudo e noites sem dormir... opa, não! Na verdade foi depois que Neto foi nomeado procurador de José Dirceu, com amplos poderes de representação, entre 2018 e 2023. Recentemente, ele circula em Brasília como CEO do Atualbank que, até dia desses, tinha como dono um eletricista e instalador de ar condicionado que vive em Búzios, no Rio de Janeiro.
Segundo a reportagem do Estadão:
“Pouco antes de ser “banqueiro”, Cristiano recorreu a parcelas do auxílio emergencial pago durante a pandemia de covid-19. Questionado pela reportagem sobre o banco, afirmou ter emprestado o nome a um grupo com a promessa de receber dinheiro em troca.
O eletricista conta que os pagamentos não ocorreram, ele suspeitou de fraude e pediu a remoção de seu vínculo. Em março deste ano, o banco saiu do nome dele para o de Fernando Neto, com quem o eletricista diz que nunca teve contato.”
Antes de pertencer ao eletricista, o banco também já esteve no nome de um estelionatário condenado em primeira instância na justiça do Mato Grosso.
Depois da reportagem de 2024, o banqueiro ex-procurador de Dirceu eliminou fotos e postagens nas redes sociais, nas quais ele aparecia com políticos governistas e da oposição. Mas o Estadão guardou essa bela imagem como recordação:
Na reportagem de terça-feira, 01/04, Valfré retomou o histórico de Fernando Neto, para amarrar a um novo fato. O ex-procurador de José Dirceu aparece em um relatório da Polícia Federal sobre os eventos de 8 de janeiro.
O relatório, baseado em mensagens trocadas por policiais investigados, mostra que Neto teria orientado o coronel Jorge Eduardo Naime, então chefe de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal, sobre como agir durante a crise.
Cerca de meia hora após o início da destruição na Praça dos Três Poderes, Naime conversava com Fernando Neto, cujo contato estava salvo como “Fernando Neto PT” no celular do militar.
O ex-procurador de Dirceu enviou o número do interventor Ricardo Cappelli ao coronel e o orientou sobre como se apresentar, sugerindo que ele se colocasse à disposição para assumir as operações. Além disso, o ex-procurador de Dirceu teria prometido ao coronel um cargo no governo federal caso ele não retornasse ao comando-geral da PM. No entanto, Naime acabou sendo preso algumas semanas depois e recebeu liberdade provisória somente em maio de 2024.
A reportagem do Estadão não gerou uma avalanche de caras e bocas de indignação nos jornais em geral. Mas rendeu um requerimento aprovado, também na terça-feira, 01/04, pelo senador Eduardo Girão (Novo-CE), na Comissão de Segurança Pública do Senado. O senador solicitou uma audiência pública, ainda sem data definida, que pretende ouvir Fernando Neto e Jorge Naime.
O receio em noticiar qualquer fato que possa parecer favorável ao lado bolsonarista do nosso bananil é, no mínimo, aberrante. É como se não houvesse nenhuma dúvida sobre a possibilidade de que tanto um lado como outro estejam envolvidos no que ocorreu em 8 de janeiro.
Aqueles que pregam contra a polarização e defendem consensos à margem das leis, acabam alimentando ainda mais a radicalização ao relativizar e esconder seletivamente os fatos.
Tudo segue como dantes no quartel de Abrantes. O PT sempre operou dessa forma, e foi justamente essa conduta que pavimentou o caminho para a ascensão de Bolsonaro. Enquanto todos conhecem a lama que envolve o PT, uma sombra é lançada sobre suas operações. Boa parte da imprensa contribui para o nevoeiro, criando um ambiente onde quem ousa lançar um fio de luz sobre a escuridão é ignorado ou rotulado como fascista e golpista.
Sendo totalmente contra o PT, darei uma opinião um tanto controversa sobre José Dirceu. Dos tempos atuais aos remotos, se há alguém digno de ser comparado a um animal no PT, certamente é ele, e o animal é o camaleão. Isso me causa uma certa admiração, e fico me questionando: como Daniel aprendeu tal façanha? Teria sido por ter vivido no interior do Paraná e aprendido com pequenos comerciantes e com sua família o plantio de arroz, além da comercialização inédita, na época, de jeans recém-chegado ao Brasil? Não sei. Mas de uma coisa tenho certeza: Daniel não é José Dirceu visto e fotografado!
É inacreditavel… Nao temos nem 10 em cada casa para erguer a voz? Cade Camara, Senado? Eles roubam e fazem chicanas na cara larga! Tudo de novo! Sao reincidentes! FDP!