#AViceDoNovoPoste
Enquanto Tarcísio finge que articula a anistia, Raquel Lyra finge que não quer ser vice-presidente e a imprensa finge que pratica jornalismo
Enquanto Tarcísio encena em Brasília o pedido de uma “anistia ampla” – nome fantasia para a absolvição política de Jair Bolsonaro –, Lauro Jardim soprou o nome de Raquel Lyra, ex-PSDB, atual kassabista, como vice.
Mulher, nordestina, herdeira de uma dinastia política e filiada ao PSD, Lyra é o adereço perfeito para dar um ar de progresso a um projeto que, no fundo, é monocromático e regressivo.
Raquel Lyra nega, com aquela falsidade já conhecida. Ela não quer fechar a porta, quer apenas fingir que ainda não a abriu.
Enquanto isso, o centrão empacota Tarcísio como líder de um pedido que já circulava nos bastidores. A anistia de Bolsonaro é “ampla” – amplamente pensada para atender os interesses do centrão. O que se pretende a todo custo é evitar que Bolsonaro lance Eduardo ou Michelle como candidatos.
Antônio Rueda (União), Ciro Nogueira (PP), Marcos Pereira (Republicanos) e, aquele que tudo sabe, Gilberto Kassab, estão aproveitando o momento para deixar claro a Bolsonaro que a anistia só será levada adiante no Congresso se ele apoiar a candidatura de Tarcísio.
Todo mundo quer Tarcísio como representante da direita. E por quê? Porque Tarcísio é centrão e sempre foi centrão, como seu mestre Bolsonaro. O poste quer virar definitivamente o poste com a bênção do mito em decadência. Ele nega, claro. Todo mundo manda o press release para depois negar tudo...
E a imprensa, sabendo de tudo, escolhe vender o roteiro oficial como se fosse revelação divina. Não desmonta, não confronta, não expõe – salvo raríssimas exceções, como a gente aqui, que não é imprensa.
A farsa é esperada, mas essa participação cúmplice dos jornais ainda é constrangedora.
Ponderando bem, Tarcísio é melhor do que Bolsonaro e Lula juntos. Pode não ser o cenário ideal, mas parece ser o que temos para o momento.
Estamos diante de um dilema político. De um lado Lula e seu grupo apoiador de ditaduras, gestão amadora e maltrapilha, fora seu envolvimento com corrupção e aparelhamento do estado.
Do outro lado Tarcísio e o centrão com seu histórico de corrupção e tendo que beijar a mão da plutofamilia Bolsonaro, o que piora em muito sua pseudo reputação.