Quinta-feira passada, Anselmo Gusmão, Paulo Moreira Fernandes, Luís Felipe e eu fomos à tabacaria Ranieri, lugar que eventualmente frequentamos por ser, ainda, permitido fumar charutos em tabacarias.
Experimentamos uns charutos que Luís Felipe, meu sobrinho, recebe mensalmente por fazer parte de um clube por assinatura – Jarvis Cigar Club – e eram realmente excelentes.
Anselmo e Paulo, meus amigos velhos, aderiram também à assinatura; apenas eu reluto pelo fato de minha inclinação conservadora me levar a sempre querer fumar o mesmo- um charuto hondurenho chamado Macanudo Inspirado White Toro.
Nesse dia combinamos que, no domingo, Paulo, que é um excelente chefe de cozinha amador, cozinharia em minha casa.
Animado por uma imprudente terceira dose de uísque, aceitei a ideia temerária de Anselmo de, no sábado, irmos os quatro a Santo Antônio do Pinhal para comprarmos azeite.
Já na sexta-feira, Luís Felipe, à altura sóbrio, enviou-nos mensagem no grupo de WhatsApp que mantemos para nos dizer que não viajaria para comprar azeites que bem podiam ser comprados no empório Santa Luzia e que, ademais, teria de adiantar alguns trabalhos.
Paulo tentou aderir à sedição, mas Anselmo debelou-a. Argumentou que aos velhos não pega bem voltar atrás na palavra dada, que éramos aposentados e que, além disso, já havia desmarcado um almoço com a família de Regina Fernandes, sua esposa, só para nos poder acompanhar.
Percebi o embuste, mas calei. Para não ter de almoçar com seu cunhado- pessoa peculiar à qual só faltam as galochas – Paulo Fernandes bem seria capaz de ir buscar o azeite à Grécia...
Às seis horas da manhã do sábado, Paulo, que já havia recolhido Anselmo, recolheu-me e fomos em busca do azeite. Chegamos à cidade, almoçamos em excelente restaurante italiano, compramos azeites por preços extorsivos e voltamos a São Paulo.
No domingo, Paulo chegou cedinho ao meu apartamento para que pudesse preparar o almoço. Tomamos café, ele, eu e Tristram, um filhote da raça Beagle, perito em roer calçados e alegrar meus dias.
Tristram e eu assistimos à preparação do almoço, um pato com laranja e batatas- canard à l’orange, segundo Paulo.
Tristram insistiu por um pedaço do pato, mas seguindo rigorosamente as instruções do médico veterinário, que me alertou sobre a fome insaciável dos Beagles e sua tendência à obesidade, servi-lhe uma cenoura.
Antes do meio-dia, chegaram todos os comensais: Dona Regina Fernandes, esposa do Paulo; Anselmo e Dona Rita Gusmão, sua esposa; Luís Felipe; e Dona Maria Luísa, minha vizinha de cima.
Como entrada, comemos burrata com tomates confitados e aspargos grelhados, regados com o azeite.
O prato, como de costume, estava excelente. Paulo serviu um vinho branco que – à exceção de mim e Luís Felipe, que preferimos o tinto – todos tomaram e elogiaram.
A sobremesa foi Pavlova de frutas vermelhas, vinho do porto, café e charutos; estes últimos consumidos apenas pelos cavalheiros, à exceção de Tristram que não tem ainda idade.
Despedimo-nos por volta das dezesseis horas, e Tristram e eu dormimos pesadamente até umas dezoito horas.
Acordei a tempo de limpar o vômito de Tristram – que convenceu algum dos convidados a lhe servir burrata –, assistir à missa das dezenove e trinta na Paróquia Santa Generosa e agradecer a Deus.
Em reunião de assinantes que se encerrou a pouco, aqui na padaria junto da avenida Sumaré, após alguns chopps e provolone em cubos, mesmo com falta de quorum, ficou decidido que Diogo Mainardi deverá fazer uma live com o Sr Bernardo Telles. ASAP ok?
Suas colunas de sábado são um alívio. Por alguns minutos é possível esquecer dos Gilmars, Lulas e Bolsonaros…