#AVisãoMoralDeClintEastwood
Em Jurado #2, o cineasta faz uma reflexão profunda e refinada sobre a condição humana
Logo nos primeiros trabalhos podemos notar que a obra cinematográfica de Clint Eastwood é prenhe de temas que exploram questões éticas, artísticas, filosóficas ou ainda, teológicas. Mesmo seus filmes moldados dentro de um gênero como o faroeste ou policial, com suas convenções e regras, são tocados pela visão moral do diretor, através de seus ele explora a natureza moral da humanidade. Eastwood, assim como diretores como Robert Bresson, Martin Scorsese, Carl Theodor Dreyer, William A. Wellman, Krzysztof Kieślowski e Akira Kurosawa – para citar algumas de suas principais influências e pares, para além de Sergio Leone e Don Siegel –, revela em seus filmes uma reflexão profunda, refinada e nuançada sobre a condição humana, uma ontologia moral sobre o “estar no mundo”. Justiça, verdade, ética, violência, redenção, misericórdia, sacrifício, reconciliação, pertencimento, comunidade, família, são motivos, topos presentes e desenvolvidos em todos os filmes do diretor. Encontramos também o clássico conflito entre o indivíduo e a ordem social, muitas vezes corrompida, com resoluções em que a sociedade é expurgada de seu elemento corruptor através da ação ou sacrifício do indivíduo, ou ainda a formação de uma nova comunidade fundada em novos e comunais ligações sociais. Outra solução pode ser ainda o exílio voluntário ou involuntário, a perda de seu lugar na sociedade. O mundo moral de Eastwood não é um mundo perfeito, ainda que haja vislumbres dele; portanto, encontramos conflitos por vezes irresolvidos, finais ambíguos e tragédias solitárias.