#Barbárie&Civilização
Das blindagens a corruptos e tentativas de golpe de Estado a crimes hediondos, o nosso sempre renovado estoque de barbarismos vai solapando o nosso espírito.
Não é preciso ter uma definição muito sofisticada do que significa “civilização” para intuir que o Brasil constantemente dá sinais de que é um país que abriga uma imensa força anticivilizatória.
E não estou me referindo àquela inclinação que todos nós possuímos no mais fundo do coração, tão bem descrita pelas grandes antropologias das principais religiões. O nosso caso parece ser o de uma aversão, geralmente travestida de uma preguiça matreira, aos elementos que constituem as realizações mais elaboradas do gênero humano nos mais diversos campos. Digo preguiça porque pensamos que só não avançamos porque não queremos porque, se quiséssemos, isso aqui seria a Nova Jerusalém na Terra. Ocorre, no entanto, que, não tomados individualmente, mas como país, nós odiamos educação, cultivamos uma suspeita amarga em relação à democracia, repudiamos qualquer traço de sofisticação como “arrogância” ou “elitismo” e, por um misto de quietismo e efeito manada, suportamos descalabros morais, sociais e políticos como se fossem incontornáveis catástrofes naturais.