A cabeleireira Débora foi condenada a 14 anos de prisão porque pichou a estátua da justiça em frente ao STF com os dizeres "Perdeu Mané".
Eu cresci com esquerdistas sendo manchete toda semana depredando patrimônio público e privado no meio de manifestações que pediam revolução, nova ordem política e sei lá mais o quê. A tal da direita fazer isso agora é praticamente uma novidade dos últimos anos.
Em 2014 o MST tentou invadir o STF. Você se lembra de alguma notícia sobre alguém sendo condenado a prisão por isso?
Para não falar apenas de esquerdista passando ileso dos crimes e exageros que cometem, vamos falar de Flávio Bolsonaro e Janones, que roubaram através de rachadinhas e estão soltos, com foro privilegiado e blindados pelo próprio STF.
Políticos que assaltam cofres públicos e causam mortes indiretas devido a desvios e descasos, soltos. E em plena atividade.
Vamos agora parar de usar exemplos políticos.
Vamos falar de crimes hediondos e comuns.
Traficantes e criminosos soltos.
Eu não defendo que Débora é uma santa.
Obviamente se eu for lá no STF e vandalizar um símbolo do poder eu não posso esperar outra coisa senão que eu seja julgado pelo meu ato.
Mas é sempre revoltante ver que alguns crimes são mais crimes que os outros e que alguns criminosos são mais criminosos que os outros.
Não é isso o que aquela venda no olho daquela estátua pintada de batom simboliza.
Obviamente Débora, a cabeleireira, é uma pessoa comum que, exatamente como eu, paga os seus impostos, procura ser o melhor que pode e nutre dentro de si uma revolta amarga e crescente por ter que andar de cabeça baixa todos os dias engolindo políticos canalhas e bandidos violentos que rindo da sua cara, a ameaçam, a extorquem e a encurralam, seja no semáforo, no porta de casa ou de dentro do próprio sistema. A diferença entre Débora e eu é que ela infelizmente foi tonta o suficiente para deixar que um núcleo de desgraçados usasse a sua revolta incubada.
A mulher se transformou num peão e permitiu ser usada como bucha de canhão de um verme ao aderir às provocações de uma organização que usava grupinho de Whatsapp para causar convulsão social tentando assim provocar ações das forças armadas num devaneio de possível golpe de Estado.
Hoje ela paga o preço da tolice.
Como cristã ela poderia ter seguido o conselho de seu livro que diz “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação”.
No exato momento que ela pichava a estátua de batom, o seu capitão estava na Disney escondido embaixo da cama.
Enquanto ela estava sendo exposta na mídia, o seu capitão estava no jornal a chamando de tonta e baderneira.
E enquanto ela estava sendo presa, o seu capitão estava em silêncio se reunindo para fazer acordos próprios.
Apenas agora, que o capitão covarde está vendo que a água pode bater na bunda dele, é que ele lembrou que a tal Débora existe, e decidiu voltar a usá-la, mas dessa vez como peça de propaganda para pedir anistia em causa própria.
Quantas vezes Bolsonaro visitou Débora ou algum desses presos na cadeia?
Vamos esquecer agora que se trata de uma pichação em uma estátua e vamos falar da grave tentativa de golpe de Estado, que segundo o STF, é o que aquela marca de batom significa. Sob essa ótica, mais uma vez, o sistema privilegia os verdadeiros criminosos em detrimento do cidadão comum, afinal, uma tonta está presa e o verdadeiro criminoso que usou essa tonta, Jair Bolsonaro, continua solto. E continua agora mesmo convocando novas Déboras e Déboros para serem usados novamente por ele domingo na Avenida Paulista.
O mané que perde é o mané que acredita em político.
O STF deveria visitar o mundo real e falar com as pessoas na rua. O STF precisa entender que a revolta de Débora continua incubada aqui fora. O próximo oportunista que aparecer vai canaliza-la novamente. Nós demos sorte que o canalha Bolsonaro é acima de tudo um jegue. O próximo pode ser inteligente. E aí o negócio realmente pode complicar.
O problema não é o batom na estátua. O problema é o batom na cueca da justiça que todo criminoso de verdade deixa. É esse batom que nos revolta, pois nós, como qualquer pessoa normal, não suportamos mais sermos traídos.
Perfeitas as suas colocações. Faltou acusar Débora de plágio. Afinal, a frase "perdeu Mané" tem autor conhecido, que se esqueceu da "liturgia do cargo", como gostava de dizer o Ministro Marco Aurélio.
Perfeito, Danilo! e ainda temos de escutar a todo momento a lorota de que as instituições estão funcionando e que nossa democracia é sólida.