#BenditoDicionário
Seita e moléstia são palavras que explicam à perfeição os últimos anos
Desde que aprendi a ler — e veja o leitor que já estou na idade de começar a esquecer—, os dicionários passaram a exercer sobre mim um fascínio incompreensível.
Mesmo sem ter a desculpa de ser um colecionador, acumulei uma quantidade hedionda de dicionários sobre o português, idioma de inexcedível beleza.
Uso-os, em regra, de maneira ordinária, isto é, consulto-os para encontrar o significado de alguma palavra que desconheço. (A última que aprendi foi “inulto”, que significa “não vingado”)
Entretanto, confesso que não só os consulto como também os leio. Empreguei incontáveis horas comparando a variação da grafia de palavras e pronúncias a partir do século XVII; procurando a origem e o significado de ditados populares; buscando sinônimos para os mais catárticos palavrões, enfim, divertindo-me.
Lembrei-me dos dicionários em razão do senhor Joe Biden Jr, atual presidente dos Estados Unidos da América.
Antes que o leitor me suponha um velho igualmente delirante, explico a relação.
Durante um jantar na casa de meu amigo Paulo Moreira Fernandes, eu, ele e Anselmo Gusmão — outro velho e amigo — comentávamos sobre a desistência do presidente americano de concorrer à reeleição.