Por João Falstaff
***
Eu fui tão dado a virtudes quanto um fidalgo precisa ser; virtuoso o bastante, praguejava pouco; nunca joguei dados mais que sete vezes... por semana; só entrava em bordel uma vez a cada quinze... minutos...
Shakespeare. Henrique IV
Corrupção, assassinatos, assaltos, tráfico, jogatinas... nada disso ameaça o Estado Democrático de Direito.
Balzac dizia que, na verdade, os crimes justificam a existência de toda essa bela estrutura que sustentamos: Tantas profissões são baseadas na má fé, roubo e crime! Todo o estado social repousa sobre ladrões... sem ladrões a vida seria uma comédia sem Crispins e Fígaros. Balzac sabia muito bem o que dizia!
O sal da vida é a marginalidade e o vício. Por isso o Brasil é hipertenso.
A história é repleta de exemplos de que os vícios são mais providenciais para a vida social do que qualquer virtude. O vinho, o tabaco, as drogas, o café, as apostas... são parte não só de um legado artístico impressionante, mas também sempre foram fundamentais para a arrecadação de impostos desde que as primeiras canecas cheias de vinho surgiram.
Todos nós sabemos que, para enriquecer, não há melhor caminho do que criar novos vícios e providenciar satisfação para os vícios clássicos.
Operações que tentam desvirtuar a base onde repousa o estado social, podem até civilizar um tiquinho, mas trazem prejuízo a todos os envolvidos: