Revi há pouco tempo um dos meus filmes favoritos: Os amigos de Eddie Coyle (The Friends of Eddie Coyle, 1973), dirigido pelo mestre britânico Peter Yates (o mesmo que fez Bullitt, 1967, clássico policial do final dos anos 60, estrelado por Steve McQueen), o longa é nada menos que um clássico do cinema policial dos anos 70. Encabeçado por Robert Mitchum - provavelmente sua melhor atuação -, o longa conta um elenco de peso: Peter Boyle, Richard Jordan, Steven Keats e Alex Rocco, figuras tarimbadas do cinema setentista americano. E é justamente esse aspecto ensemble do casting do filme que é essencial para a sua narrativa, pois todo o roteiro é uma série de círculos concêntricos que interagem entre si como engrenagens de um relógio, tendo o criminoso Eddie Coyle (Mitchum) em seu centro.
O filme é adaptado do romance homônimo de George V. Higgins, que estreou nas letras com este volume. Formado em Direito pela prestigiada Stanford University, Higgins atuou como assistente da procuradoria do estado de Massachussetts por anos, onde teve contato direto com mafiosos ligados aos submundo de Boston. Paralelamente a isso, assistente de promotor assinou uma série de colunas em jornais e revistas, onde abordava o tema do crime organizado. Passado esse período, Higgins formou seu próprio escritório de advocacia, e representou uma série de personalidades importantes da história recente dos Estados Unidos, como Eldridge Cleaver, ativista político e líder do Partido dos Panteras Negras, e também o agente do FBI G. Gordon Liddy, que se deu mal ao participar da conspiração criminosa que ficaria conhecida como o escândalo de Watergate - e derrubaria o presidente Richard “Tricky Dick” Nixon.