O artigo de Camila Rocha, na Folha de hoje, é um exemplo de como a cultura diletante deixa todo mundo alienado.
Desde quando o bolsonarismo chegou ao poder, a imprensa e os analistas políticos procuram alguma organização internacional de extrema direita para justificar a escolha deliberada de devolver o poder aos quadrilheiros do PT.
É mais fácil falar em projeto político internacional da extrema direita do que admitir que o movimento de massas em torno de Bolsonaro só foi possível por causa da corrupção generalizada e da manutenção dos privilégios de quem pode gastar o dinheiro público sem dar satisfação.
Na falta de alguém decente no meio de tanta safadeza, o povo votou no primeiro mentecapto que apareceu gritando contra as picaretagens que todo mundo via, mas preferia jogar para debaixo do tapete.
Não existe projeto político de extrema direita. Os novos quadros do bolsonarismo, no qual a articulista da Folha quer acreditar, são apenas uns idiotas oportunistas que, incapazes de se tornarem lideranças por conta própria, precisam bajular o mentecapto para se eleger.
Mas não acontece a mesma coisa em torno do Lula?
Ninguém na esquerda pode questionar as suas falas antissemitas e nem o protagonismo circense da sua primeira-dama.
A política virou refém de Lula e Bolsonaro.
Tarcísio de Freitas é sempre obrigado a ir à imprensa fingir sua fé no bolsonarismo.
Até o radical de condomínio, Guilherme Boulos, para tentar ser prefeito, tem que se adaptar ao discurso lulopetista e até fazer um relatório favorável às rachadinhas do Janones.
O Brasil se tornou um barco à deriva. É um país sem projeto, sem lideranças e, principalmente, sem intelectuais que possam ao menos descrever a nossa situação de forma realista.
É, enfim, um caso perdido.
Perfeito Chiuso. Disse bem. Projeto? Para os políticos só existe o tempo presente. O aqui e o agora. A urgência de se livrar dos seus rolos, de manter em equilíbrio os conchavos, de articular para que a verba não falte para todos da tchurma (grande Imprensa inclusa). Sempre vigilante nos parceiros, não ousam tirar os olhos da mesa em que o butim está sendo dividido. E o Futuro? Ora o futuro é o futuro, 'talquei'?
“É mais fácil falar em projeto político internacional da extrema direita do que admitir que o movimento de massas em torno de Bolsonaro só foi possível por causa da corrupção generalizada e da manutenção dos privilégios de quem pode gastar o dinheiro público sem dar satisfação.” Isso aqui, no final de domingo, valeu a semana.