Segundo o sociólogo Norbert Elias, aqueles que monopolizam o acesso às informações asseguram para si mesmos certas fontes de superioridade em termos de poder e status. Tanto a comunicação e transmissão, quanto a recusa em comunicar e transmitir informações e saberes, em geral, não dizem respeito a aspectos cognitivos ou de liberdade de expressão, mas sempre se referem às relações de poder.
Em diversos estudos, como aqueles apresentados em Os estabelecidos e os outsiders ou em O processo civilizador, Elias demonstrou que, para compreender as interações sociais, especialmente as relações de poder, era necessário fugir das falsas dicotomias e da tentativa de tratar indivíduo e sociedade de forma polarizada, por meio de valores preestabelecidos e não dos fatos observáveis.
Enquanto as teorias sociais de sua época, como o estruturalismo e o marxismo, partiam de uma ideia pronta de como os homens deveriam ser, Elias buscou primeiro identificar padrões reais das interações humanas, para então organizar teoricamente uma interpretação social.
Em seu entendimento, a história se mostrava como uma espécie de cemitério de sonhos humanos que se realizavam parcialmente, num curto prazo, mas acabavam esvaziados de toda a substância. Com o tempo, esses sonhos saturados de fantasias são destruídos por sucessivos golpes da realidade que revela “a sua irrealidade, como sonhos que são”.