#CírculoVicioso
“Prefeiturar”. É o conselho dos marqueteiros para Ricardo Nunes. Significa que o prefeito deve fazer agora o que ele deveria ter feito nos últimos quatro anos.
A cidade de São Paulo virou um “canteiro de obras”. Mas a gente sabe que são obras paliativas que precisarão ser refeitas daqui a quatro anos, quando o próximo prefeito estará “prefeiturando” para tentar a reeleição.
Fomos viciados em eleger idiotas. Em São Paulo, quem não está contente com a “prefeituração” de Nunes, pretende eleger a neoburguesia inútil de Boulos e Marta Suplicy.
O truque é velho, mas a gente sempre cai. Porque o brasileiro nunca soube votar. Passou a vida dando confiança a sujeitos como Paulo Maluf e Fernando Haddad. Reelegeu Lula no meio do Mensalão. E Dilma no meio da roubalheira na Petrobras. Quando cansou dos crimes do PT, deu o poder a Bolsonaro, que fez um governo inútil e ainda quis dar um golpe de Estado.
A pior parte de escrever sobre o Brasil é ter que se virar com personagens ruins. As histórias sempre se repetem. Eu sei que toda história repetida pode ser abordada de uma forma diferente. Hamlet era uma velha lenda popular que Shakespeare reescreveu na sua forma definitiva.
Mas o Brasil não tem um príncipe da Dinamarca nem uma intriga palaciana que renda boa literatura. E nada aqui é definitivo. Sempre progredimos para uma versão pior. Estamos presos para sempre nessa espécie de eterno retorno, onde os mensaleiros são reeleitos, os lobistas continuam se acotovelando para barganhar privilégios, os monarcas da casa grande contrabandeiam joias e compram sofás de 60 mil reais, enquanto 30% da população vive com uma renda inferior a 400.
O Brasil é um círculo vicioso. Como todo mundo sabe, o vício nunca evolui, apenas se cristaliza para manter-se como hábito.
“Sempre progredimos para uma versão pior”, triste mas completamente verdadeiro.
É muito triste essa constatação de que somos pródigos em eleger os piores. Mas quem chega até lá não surge do nada. Surge da nossa própria sociedade que os promove. Bolsonaro e Lula são belos exemplares da nossa capacidade de produzir Macunaímas e levá-los até o poder. Aliás, somos até mesmo capazes de eleger comensais dos Macunaímas como Dilma. Dito isso, que destino aguarda esse país? Nenhum. Ou melhor, o que já vivemos no presente... Apenas a mediocridade. Somos uma país medíocre, de uma elite medíocre e de um povo de alma boa, mas não menos medíocre.