Há sempre um sacerdote capaz de nos salvar de um feiticeiro. Há sempre um guerreiro a lutar contra os bárbaros. A igreja nos salvará do inferno. Os cientistas nos salvarão da ignorância. Os políticos salvarão a pátria, a democracia e tudo o mais. A panaceia é vasta.
No mito de Prometeu, quem salvou a humanidade da extinção foi o fogo, símbolo do conhecimento. Os homens, com a ajuda do deus, realizaram um imenso esforço cognitivo para assegurar a perpetuação da espécie. As narrativas sempre fizeram parte desse esforço. Explicar a própria existência tornou-se uma luta constante para tentar distinguir o real do imaginário.
Atualmente, as narrativas parecem fazer o caminho contrário. Não têm ajudado nem a compreender melhor a existência e fazem o possível para confundir ao máximo a realidade e a imaginação. Será que ainda ajudarão a manter a existência da espécie?