#Delata,Filipe
Bolsonaro quer se livrar da culpa do golpe, jogando tudo no colo do ex-assessor Filipe Martins
O advogado de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, ironizou o depoimento do ex-comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, à Polícia Federal.
Wajngarten acusa o general de ter “memória seletiva”. A bronca é que Freire Gomes confirmou que Bolsonaro estava participando ativamente na tentativa de golpe.
Mas a defesa de Bolsonaro escolheu outro caminho: jogar tudo no colo do ex-assessor Filipe Martins.
A estratégia está de acordo com o histórico do bolsonarismo. O soldado ferido é sempre abandonado, e fica definhando no campo de batalha até morrer sozinho. Filipe está preso há mais de um mês, e o silêncio dos bolsonaristas quanto a isso é algo significativo.
Mas está cada vez mais difícil limpar a barra de Bolsonaro.
No seu depoimento, o general Freire Gomes começa dizendo que não sabia de nada. Depois, exposto às suas próprias mensagens trocadas com Mauro Cid, admitiu que tinha ciência de que os bolsonaristas estavam confabulando ideias golpistas, e terminou afirmando que Jair Bolsonaro tentou aliciar os chefes das forças militares para aderirem a um Golpe de Estado. Entregou também o almirante Almir Garnier Santos, da Marinha, que “teria se colocado à disposição”.
Freire Gomes confirma que Filipe Martins apresentou a minuta, leu um texto enfadonho, cheio de jargões jurídicos, e saiu de cena. A partir dali, o protagonismo foi todo de Bolsonaro.
O depoimento é cheio de evasivas, mas Freire Gomes enfatizou ter deixado claro que “não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional”, embora não tenha denunciado a movimentação bolsonarista para a tentativa de golpe.
O que sabemos até agora é o seguinte: os bolsonaristas ficaram 4 anos pensando numa maneira de executar um Golpe de Estado. Alguém convidou o jurista Ives Gandra Martins para produzir um parecer sobre o artigo 142 da Constituição, sugerindo a possibilidade de as Forças Armadas exercerem o papel de Poder Moderador.
Segundo o depoimento de Mauro Cid, um pupilo do Ives Gandra, o advogado Amauri Feres Saad, acabou envolvido num grupo de juristas para compor a minuta do golpe, coordenado por Filipe Martins e o padre José Eduardo Oliveira. Os três patetas levaram a minuta do golpe para a apreciação de Bolsonaro.
Mauro Cid também confirmou que a ideia do golpe já estava em circulação nos grupos de WhatsApp bolsonaristas. E os influencers de Miami, com tribuna cativa na Jovem Pan, estimulavam o público a pressionar os generais que não estavam dispostos a contribuir para o golpe. Freire Gomes cita nominalmente Paulo Figueiredo, neto do último ditador brasileiro.
O governo Bolsonaro tinha tudo para ser medíocre, como todos os governos brasileiros. Mas se tornou um espetáculo grotesco, com ministros despreparados e assessores inacreditavelmente estúpidos.
A história não seria diferente com uma tentativa de um golpe impossível. Mesmo assim, inacreditavelmente estúpidos e incompetentes, eles tentaram.
A covardia não lhes permitem assumir a responsabilidade de seus atos. Preferem alegar o direito de ficar em silêncio para não produzirem provas contra eles. E, ainda mais desprezível, empurrar toda a culpa para o ex-assessor megalomaníaco que hoje está jogado, sozinho e apavorado, numa cela vagabunda de uma prisão no Paraná.
Se conselho fosse bom e valesse alguma coisa, poderíamos dizer: delata, Filipe!
"Os três patetas levaram a minuta do golpe para a apreciação de Bolsonaro."-impagável. Como conseguiram juntar um grupo tão coeso de imbecis incompetentes? Lula na presidêndia é um preço bem caro a se pagar pela estupidez do governo Bolsonaro.
Fomos de um golpe mequetrefe para uma democracia peculiar. Lastimável.