A nova ortodoxia democrática — esta farsa sentimental que mistura relativismo moral com autoritarismo high-tech — se pretende guardiã do “debate público” ao mesmo tempo em que acorrenta a fala, a dúvida e até o riso. Pretende “proteger a democracia” não com ideias melhores, mas com filtros, censores e leis secretas.
A única maneira legítima de enfrentar uma mentira pública é com uma verdade pública, não com comitês de desinformação ou algoritmos viciados em manipular visibilidade. Cada vez que se fecha uma conta em nome do bem, fecha-se junto uma fresta de consciência.
As democracias morrem, não pela força dos radicais, mas pela covardia dos liberais que se recusam a enfrentar seus inimigos com palavras — e apelam ao juiz, ao bot ou ao carcereiro. O problema é que quem entrega a linguagem ao controle estatal já perdeu o espírito da democracia antes mesmo do voto.
E mais: não existe tirania que resista a uma gargalhada, como dizia Molière. Mas hoje, até o riso está sob vigilância. Ironia virou discurso de ódio. Sarcasmo virou ameaça. E o meme — última trincheira do povo contra o dogma — virou objeto de inquérito.
A democracia não precisa de babás. Precisa de cidadãos que pensem. Não se sustenta em censura preventiva, mas em confronto de ideias, livres e abertas. Se há um risco real à liberdade, ele vem de cima — da aliança promíscua entre governos inseguros, big techs arrogantes e elites convencidas de que só elas sabem o que é “verdade”.
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