#DemocraciaDeCabresto
Com contradições e superficialidades, Achille Mbembe contribui para justificar uma tirania da censura
Achille Mbembe é um pensador camaronês bastante apreciado pelos progressistas brasileiros, sobretudo por causa do conceito de "necropolítica", que sempre confere um ar de erudição a quem o cita.
Até reconheço que sua obra tem alguns insights, mas, no geral, como mencionou o meu amigo Paulo Cruz, se retirarmos o clichê, não resta muito.
A entrevista dele à Folha é um exemplo.
Sem entrar em muitas definições técnicas, ele afirma que o neoliberalismo é incompatível com a democracia. É uma afirmação que pode fazer alguns clássicos do liberalismo se revirarem nos seus túmulos. Afinal, o livre mercado é justamente o epicentro das liberdades individuais. Se você aprecia a democracia liberal, o livre mercado é o motor do negócio; o Estado, o obstáculo.
Aqui entre nós, eu mesmo nem me considero um liberal no sentido amplo, estou mais para republicano – um dia conversaremos sobre isso.
Destaquei um trecho da entrevista que me chamou a atenção por parecer aquele lugarzinho onde os demônios habitam:
Para mim, o mais intrigante é isso aqui: o desejo subsequente de "democratizar" o acesso às tecnologias. É um termo que, na sua generosidade, acaba escondendo uma certa ironia.
Democratizar o acesso implica uma expansão das liberdades individuais e da participação ativa das pessoas livremente se expressando. Todavia, Mbembe é um autor acostumado a pensar por clichês, por isso, imediatamente tenta fazer uma jogada retórica: propõe a regulação transnacional para conter a disseminação de fake news.
Como podemos falar em democratização e, no mesmo fôlego, sugerir um sistema de controle que se sustenta em um órgão supranacional. Para o queridão dos progressistas, não há problema nenhum se a gente substituir as Big Techs pelo Big Brother (o de Orwell, não o da Globo).
Como pode uma regulamentação transnacional levar à democracia? Há um paradoxo aí: se a democratização total pode levar ao caos da informação, o que garante que o controle total não pode levar à tirania da censura?
A regulação transnacional, embora possa soar como uma solução harmoniosa, corre o risco de se tornar um Leviatã digital, onde as forças do mercado, que se autonomizam das políticas, podem ser substituídas por forças reguladoras que, por sua vez, poderiam impor suas próprias agendas políticas. Isso não é democracia nem aqui nem na China (lá, com certeza, não).
E assim, o ciclo de contradição continua, tão infinito quanto a busca da humanidade por uma sociedade perfeita. E essa sociedade perfeita pode ser tudo, inclusive uma democracia de cabresto tocada por progressistas.
Mbembe é um "dos maiores pensadores do mundo"... acho que a gente já vive numa "democracia de cabresto tocada por progressistas"...
(Voz do Constantino) "esse comunixta aqui novamente? Esse blog posa de direita, mas em pouco tempo tá mostrando que é a nova exquerda. Raso como um pires."
😂 zueira, Razzo... Bom te ver por aqui!