#DesbocadoDaLei
PerdeuMané não aguenta mais nosso déficit civilizatório e quer jogar a toalha. Vai fazer carreira solo
PerdeuMané Barroso cansou do Brasil. Disse que é civilizado demais para este planeta e quer conversar com Elon Musk sobre uma vaguinha em Marte.
Afinal, já derrotou tudo por aqui. Ditadura. Bolsonarismo. Voto impresso. O decoro. Sua missão é civilizar novos planetas, cantando e andando pelo universo.
Há uma grande possibilidade de que o STF, sem o PerdeuMané civilizatório, finalmente ganhe um Messias, ou Bessias como disse a virulentíssima ex-presidanta. Alguém tem dúvida de que os senadores permitam essa bênção para a vida brasiluleira?
Afinal, o bolsonarismo derrotado ainda está aqui, insiste em sobreviver sem pedir autorização ao STF e descumprindo ordens não explícitas em medidas cautelares ilegais. O velho Jair Messias precisa ser derrotado pelo jovem Jorge Messias para que as forças democráticas sejam protegidas. Como Lula seria protegido na Casa Civil em 2016.
PerdeuMané cansou disso tudo. Depois de deixar a presidência da Corte, cogita abraçar a vida, uma boquinha diplomática, ou, quem sabe, o universo musical.
O Brasil tem “um déficit imenso de civilidade” e ele se considera civilizado demais para continuar no The Supremes. Ele quer deixar de ser um hermeneuta para ser um cosmoneuta, ou etherneuta… who knows…
O que dizem é que ele não gostou mesmo foi da ideia de que, agora, para ser parte do The Supremes é preciso abrir mão de fazer shows em Harvard. Se for assim, ele vai preferir optar pela carreira solo.
PerdeuMané tem certeza que os The Supremes são “os poderes do bem”. Vocês sabem que cada supreme, ao ser investido, recebe não um cargo, mas uma missão transcendental. E como bons intérpretes do destino constitucional, vão além da lei, acima da política e à frente da história. O excesso de convicção excepcionalíssima se justifica, porque quando se é “do bem”, todo excesso é desculpável.
É tanto civismo e civilidade em um mesmo supreme que faria corar o maior influencer da separação de poderes que já existiu: Montesquieu. O francês dizia que o juiz é apenas a boca que pronuncia as palavras da lei. Doce quimera. No The Supremes a civilidade abunda em tamanha transbordância que eles são os desbocados da lei. Cada uma dessas 11 boas almas funciona como a mente que cria, o coração que sente e o braço que impõe a lei. Não é que temporariamente eles representem um poder; eles são o próprio poder.
O professor Manoel Gonçalves Ferreira Filho, que não usa toga nem precisa de holofote, costuma repetir uma máxima montesquiana tão antiga quanto incômoda: “Todo homem investido de poder é tentado a abusar dele”. No The Supremes a tentação virou vocação. Ali, o poder é abusado, reinventado, enfeitado e vira até vídeo do TikTok.
Manoel Gonçalves Ferreira Filho foi professor do magnístico supreme Alexander na USP. No último Fórum de Lisboa ele deu mais uma aula para seu pupilo e para os demais supremes presentes. Você, pacato cidadão, há de tirar melhor proveito da fala do professor.
Enquanto PerdeuMané quer civilizar o planeta, Manoel Gonçalves tenta reconquistar o território perdido da Constituição.
Um país que tem juristas como o professor Manoel e, ao mesmo tempo, tem a composição The Suprêmica que tem é, no mínimo, um experimento exótico.
A arrogância prepotência vaidade dessa gente me enoja
Caro João (…) segundo Bob Jeff, estopim do mensalão e bolsonarista tardio, afirma “Boca de Veludo não é brincadeira”.