#Deus,Pátria,Papai
O primeiro ato de governo é pra um CPF.
O Pai, inefável Pai
Mal saiu a notícia de que Flávio Bolsonaro foi ungido pelo pai como sucessor na linhagem. Aquilo já não é indicação, é testamento político.
E ele abriu a pré-campanha anunciando que seu primeiro ato será negociar anistia. Não para o país, claro: para o pai. É tão explícito que nem dá pra chamar de nepotismo. É mais política de condomínio familiar.
E aí tudo se explica: o velho slogan “Deus, pátria, família”. Quando eu ouvia “família”, achei que era a instituição família.
Mas ligando os pontos, principalmente depois desse filme do Bolsonaro, fica claro que eles não querem melhorar o país, querem construir uma franquia onde cada continuação é pior que a anterior, mas todo mundo volta porque precisa pagar as contas.
E mesmo assim, no slogan, a família vem por último… mas na prática vem sempre em primeiro lugar. Prioridade invertida é marca registrada.
E a parte do “Deus”? Pois é. A gente achou que era Deus-Deus. Mas pelos discursos, bênçãos, lives e crises existenciais em Brasília, ficou claro que era Deus Bolsonaro: aquele que abre o Mar Vermelho, mas fracassa em abrir a tornozeleira com ferro de solda. É o único messias da história que não faz milagre nem com ferramenta elétrica.
Flávio diz que quer unir a direita. Talvez consiga. Nada une tanto quanto o medo de ser cúmplice. O PL cogita tirá-lo da disputa, o mercado reagiu como quem recebe ligação do banco às 10 da manhã, e a Bolsa caiu 4% só de lembrar que o filho que teve dificuldade pra administrar uma Kopenhagen quer administrar o Brasil.
A campanha já nasce com um objetivo muito claro:
Não é salvar o país, é salvar o chefe da casa.
E anistia pode até dividir o Congresso, mas impunidade… essa é o único valor realmente inegociável da família.




Como o NEIM sempre diz, Lula precisa de um Bolsonaro para chamar de seu. Assim será eleito de novo. Groundhog day.
Excelente, caro Oscar.
Um amigo lembrou outro dia que Bolsonaro fala em defesa da família, mas teve vários filhos, cada um com uma mulher diferente. Deve ser a defesa da família poligâmica, acrescento eu. A pátria, como você bem pontuou, consiste na proteção dos interesses do condomínio familiar bolsonarista.
Precisamos sair desse "corredor estreito" que nos aprisiona entre o lulismo e o bolsonarismo.