Minhas duas primeiras temporadas na imprensa foram bem-sucedidas. A terceira, por outro lado, está sendo um fiasco - ou um fiasco parcial. É preciso considerar, porém, que este site não é imprensa. E, sobretudo, que nem a imprensa é mais imprensa. Já citei aqui: notícias correspondem a apenas 3% do que é publicado nas redes sociais. O algoritmo matou as empresas de jornalismo. E os leitores mataram a notícia.
O que funciona? Sectarismo. Partidarismo. Propaganda. Brasil 247 certamente está indo bem. Assim como a revista Oeste. Ao mesmo tempo, fracassam aqueles que, a exemplo da Folha de S. Paulo, fazem propaganda oculta, mascarada como jornalismo. O leitor engajado quer um veículo tão engajado quanto ele. Passei trinta anos denunciando jornalistas que camuflavam o próprio adesismo lulista. Agora eles estão sendo descartados em prol de adesistas declarados.
Nesse ambiente, um site que dispara para todos os lados, como o NEIM, está condenado a ir para o buraco. Não é necessariamente uma coisa ruim. De fato, sinto-me mais feliz e à vontade em nossa minúscula bolha do que se estivesse em qualquer outro lugar - exceto pelo salário. Por tudo isso, digo aos nossos assinantes e comentaristas: obrigado.
É interessante essa possibilidade que o NEIM trouxe para pessoas que gostam de dialogar sobre os acontecimentos. Acho que muitos aqui nem conseguiam mais conversar com familiares sobre política. Poder participar de um grupo civilizado de pessoas, que gostam de falar sobre política é um alento.
Mas eu não consigo enxergar o site como bolha, justamente por atirar para todo lado.
A consistência do formato que criaram no Antagonista era muito bom. A objetividade do site, os bons artigos da Crusoé eram muito boa leitura. E tinha um norte, não era atirar para todo lado, nem manipular as pessoas para criar uma interpretação mágica dos nossos absurdos. Para quem estava na universidade, como eu, era uma excelente forma de afastar a mente daquela imensa quantidade de vícios de interpretação e de discursos que saíam do nada para lugar nenhum.
Como o velho Antagonista não existe mais, talvez fosse interessante retomar, dentro do possível, a consistência daquela ideia. Há leitores que se recusam a ser engajados, partidários e adesistas, muitos fugiram do Antagonista quando você e Mario saíram. Tem ainda gente que procura integridade e honestidade intelectual. Não tem?
Se alguém precisa agradecer algo, este "alguém" somos nós! Muito obrigado por terem feito o NEIM. Uma ilha de saúde em meio a doença contaminante do adesismo, simples burrice ou desonestidade mesmo. Muito obrigado!