Antes que meus sócios me acusem de ter sumido, aviso: vou sumir por dez dias, de 15 a 25 de agosto.
Meu filho - o menor - vai estudar cinema nos Estados Unidos, e tenho de acompanhá-lo até lá. O plano é que ele siga o costume familiar e torre todo o seu dinheiro em filmes. Meu irmão e eu fizemos isso, agora é a vez dele.
Na verdade, nossa carreira cinematográfica quase deu certo. Depois de um filme de estreia exibido em mais de vinte festivais, com grandes aplausos (e sem um centavo de dinheiro público) estraguei tudo no segundo filme, feito para a internet.
Em 1998, meu irmão criou um site pioneiro chamado Bipix, que era um antepassado do YouTube - sete anos antes que o YouTube fosse fundado.
A Globo entendeu o potencial do negócio e comprou uma parte da empresa.
Tudo funcionava muito bem até o dia em que eu, estupidamente, incapaz de entender o que estava acontecendo no mundo, defendi a necessidade de produzirmos nosso próprio material, porque ninguém entraria em nosso site se mostrássemos apenas filminhos de viagem dos usuários.
Não entendi que a figura do autor, com a internet, estava destinada a desaparecer. Por isso, escrevi um filme, realizado por meu irmão, que deveria ter sido exibido em blocos de cinco ou dez minutos, com aquela linha de telefone pré-histórica.