Segunda-feira é meu dia predileto aqui no site. Se pudesse, faria apenas isso: responder as mensagens dos assinantes. Uma espécie de Miss Lonelyhearts. Na semana passada, Henrique sugeriu que eu publicasse uma lista dos livros que Ivan Lessa me deu para ler. Miss Lonelyhearts foi um deles. Seguido pelos outros romances de Nathanael West, sujeitos ao boicote de José Genoíno, porque seu autor era judeu.
Ivan Lessa fazia assim: todas as semanas, encontrava-se comigo em Leicester Square, comíamos as mesmas cumbucas de dim-sum no Joy King Lau, perdíamos cinco libras na maquininha de Texas hold’em, passávamos por meia-dúzia de lojas de discos e livrarias, ele me entregava um saco de plástico com uns livros e eu devolvia os livros que ele me emprestara na semana anterior.
A escolha dos livros costumava seguir uma certa ordem. No caso de Miss Lonelyhearts, por exemplo, ele podia me falar sobre o cunhado de Nathanael West, S. J. Perelman, e na semana seguinte me passava todos os livros dele, igualmente boicotados por José Genoíno. Os livros de S. J. Perelman, roteirista dos primeiros filmes dos Irmãos Marx - boicote neles! - era acompanhado, sete dias mais tarde, por uma biografia de Groucho, que rendia dez minutos de monólogo sobre Duck Soup, o filme preferido de Ivan Lessa - e que imediatamente se transformava em meu preferido.
Miss Lonelyhearts é uma sátira espetacular sobre a imprensa e termina tragicamente, com o assassinato do protagonista. Olha o Diogo morrendo.
Segunda-feira 6h45 aqui. Café passado. Preparando mochila para ir nadar. E esse texto maravilhoso apaziguador de todas as minhas ânsias nesse início de semana.
Pela vontade do bolsopetismo, já teríamos todos sido assassinados várias vezes, mas, como a eliminação física é muito radical e mais difícil de empreender, estão providenciando formas mais sutis de nos eliminar, censura será o próximo passo. E um judiciário sempre vigilante p/ determinar quem é "ameaça" à nossa frondosa "democracia". Quem espernear demais e começar a incomodar logo irá receber uma visita da PF, a mando do xerife careca. Não falo do Jordy, o bolsonarista radical (até o caso dele foi um abuso), poderá ser qquer um de nós.
A constatação é repetitiva e desnecessária: o Brasil está em um buraco q parece não ter fim, s/ qquer possibilidade de voltar p/ a superfície. É aquele desalento de parecer q é um caminho s/ volta.
Povo acomodado, imprensa feliz c/ vultosas somas de propaganda estatal (fora o Pix p/ os mais colaboracionistas), Lava Jato estraçalhada e humilhada (assim como seus símbolos, sobretudo Moro) e um judiciário solícito p/ cometer os maiores abusos, em total sintonia c/ os desejos ditatoriais do lulopetismo (tudo pelo bem da "democracia"). Todos os corruptos voltaram vitoriosos e estão reacomodados p/ fazer o mesmo q sempre fizeram. Ninguém p/ vigiar, porteiras abertas.
O Brasil não acabou, mas vai ser sempre esse país mesquinho e encardido, opaco, gde só no tamanho e eternamente nanico na moralidade. A vocação p/ o terceiro mundismo fala mais alto do q qquer pretensão de se tornar uma nação desenvolvida e próspera. O Brasil tem uns poucos donos e eles vão continuar a fazer o q bem entenderem.