As máscaras do teatro, versão política.
Como o título sugere, significa que dependendo da pessoa, da situação ou do interesse envolvido, a consequência muda.
Tá equivocado isso aí! Tanto no conceito quanto na escrita. Tá errado como planilha de licitação pública: você sabe que tem algo errado, mas não quer perder tempo com isso.
Se o brasileiro é conhecido por ler pouco, como é que vai pensar? Se a expressão fosse "um Pix, duas nudes", aí sim o povo entendia.
Se são dois pesos, logicamente teremos duas medidas. O certo seria “um peso, duas medidas”, o que faz muito mais sentido e ainda ilustra muita coisa nesse país.
É simples porque significa apenas parar, ler e pensar: obviamente são duas medidas porque temos dois pesos.
É exatamente o que eu penso sobre Lula e Bolsonaro. Não só eu, está ficando cada vez mais evidente pro grande público.
Eu faço shows de stand-up e tenho um texto em que pergunto pra plateia se acham o Bolsonaro homofóbico.
Geralmente, eu recebo um coro sonoro com a negativa. Logo em seguida eu digo uma das frases que o Bolsonaro já disse:
“Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”.
O que me intriga são as risadas e as palmas que eu recebo logo após a minha observação no show. Ou seja, se eles riem, estão rindo da própria hipocrisia, certo? Seria uma espécie de mea culpa como se dissessem enquanto aplaudem: “É, o Bolsonaro fala merda mesmo”.
Já a esquerda se contorce e faz um estardalhaço por conta de uma frase dessas. E com toda a razão. Nem precisa ser de esquerda, só o fato de ser um ser humano sensato te faz parar, analisar e pensar “um político falando algo assim?”.
Essa frase dele isolada talvez não o torne homofóbico. Mas, quando ela vem acompanhada por outras frases ditas em situações diferentes, vira um combo interessante!
"Seria incapaz de amar um filho homossexual."
Seria o Zero Quatro o menos preferido do ex-presida?
"Se o filho começa a ficar assim meio gayzinho, leva um couro e ele muda o comportamento".
É mentira. Minha mãe me batia pra eu deixar de ser besta e eu sou besta até hoje. Nessa lógica, eu seria o CEO da NASA.
"O filho que vê dois homens se beijando na rua vai virar viado, sim".
Assim como quando um viado vê dois héteros se beijando ele deixa de ser gay na hora.
"Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater".
Depende do tamanho deles, certo ex-presida? Se for dois crossfiteiros de sunga, ele atravessa a rua segurando a bíblia atrás pra proteger a bunda.
É, Bolsonaro. Meio que fica difícil de negar que você não gosta de gays, certo?
Todas essas frases absurdas dele viraram um estardalhaço na mídia. A mídia correu pra mostrar que tipo de pensamento tem o nosso ex-presida.
Foi o suficiente pra colocarem um rótulo bem no meio da testa dele: HOMOFÓBICO. E um rótulo com total fundamento. Essa palavra define sim o modo como ele pensa e como ele se comporta.
Mas... um peso, duas medidas.
O Lula já mostrou diversas vezes que não é um cara lá muito progressista nas falas dele. Apesar disso, o estardalhaço com as idiotices que ele fala tem peso inferior às do Bolsonaro. Não tem um rótulo no meio da testa dele escrito MISÓGINO.
A minha dúvida é: porque a mídia define com facilidade que o Bolsonaro é homofóbico, mas tem dificuldade definir o Lula como misógino? É uma pergunta retórica. Falo mais sobre a honestidade intelectual do que a imparcialidade.
Tiremos a mídia de lado, afinal estou escrevendo para o ‘Não É Imprensa’. Agora é a vez de analisarmos algumas frases do Lula relacionadas às mulheres:
"Eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem, como eu. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente".
Conhecendo o Lula, faltou um arremate dele aí que seria: “Se for São Paulino, tudo bem bater no marido dele”.
“Quando vai fechar a porteira, companheira?” (perguntando para uma mãe de 5 filhos.)
Essa frase saiu da boca de quem teve 5 filhos com 3 mulheres diferentes... Lula falando dessa porteira é tipo um ladrão reclamando que a sua casa foi assaltada.
Caberia uma resposta como: "Não tem porteira onde eu moro. Eu prefiro correr o risco de alguém entrar na minha casa do que morrer de fome”.
“Uma máquina de lavar roupa é uma coisa muito importante para as mulheres”.
É verdade, né? Assim como o microondas que impede que elas esquentem a barriga no fogão.
“Foram na casa da Clara Ant, sabe? A Clara estava dormindo sozinha quando entraram cinco homens lá dentro, ela pensou que era um presente de Deus e era a Polícia Federal”.
Se o Bolsonaro estivesse junto, ele diria rindo: “Mas quem disse que a suruba não rolou?”.
“Cadê as mulheres de grelo duro do nosso partido?”
Provavelmente tão procurando emprego porque tão casadas com homens de pau mole.
“Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso”.
Afinal, as mulheres não merecem apanhar no Brasil. Elas já se fodem muito aqui.
“Não sou nem marido, eu sou um amante da democracia. Porque, a maioria das vezes, os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres. Eu sou um amante da democracia e conheço o valor dela”.
A democracia é como uma amante: vem em segundo lugar na escala de prioridades. Coisa típica de esquerdista raiz: usa a democracia pra trair a própria democracia.
“Por isso eu coloquei essa mulher bonita (Gleisi Hoffman) para ser ministra das Relações Institucionais, é que eu não quero mais ter distância de vocês”.
“Por isso que eu não coloquei a Maria do Rosário, aquele canhão!!!” (diria o Bolsonaro).
Lendo essas frases em sequência, incrível como o Bolsonaro e o Lula poderiam ser melhores amigos. Eu acho que eles se odeiam porque eles pensam igual.
É que nem o Schwarzenegger e o Stallone. Se odiavam no auge da grana e da fama, agora que não disputam mais nada, viraram amiguinhos.
Taí uma ideia, presidentes. Façam um podcast juntos falando livremente sobre temas como “mulheres e gays”. Vai bombar!!!
“Ah, Oscar... Para com isso! Dizer que os dois são parecidos? Não viaja!!!”
Essa frase poderia ser dita tanto por Lulistas quanto por Bolsonaristas. A verdade é que quando o ídolo delas fala ou faz um absurdo, o cérebro entra em conflito porque como justificar que a pessoa escolhida como ídolo fale bizarrices hediondas?
Se alguém critica, o cérebro da pessoa entra no modo guerra e ela ataca simplesmente pra se defender pro que o emocional não entre em colapso. E aí vem a depressão ou o radicalismo descolado da realidade.
Bolsonaro e Lula caminham em direções opostas com tanta força que se encontram do outro lado do mundo justamente por serem tão parecidos.
Resolvi escrever isso depois do que o Lula soltou essa semana:
“E lá (em Hiroshima) eu encontro com uma mulherzinha, sabe, presidenta do FMI (Kristalina Georgieva), diretora-geral do FMI, nem me conhecia.” Imitando ela com caras e bocas.
Outra vez, se fosse o Bolsonaro, seria taxado como misógino com facilidade. Claramente um é mais punido do que o outro. Os portais não usaram a palavra ‘misógino’ porque é um termo pesado demais pro acontecido.
A crítica feita sobre o Lula nesse caso não passou de algo como ‘o tom foi considerado machista e diplomaticamente inadequado’.
Não defendo nem o Bolsonaro e nem o Lula e dificilmente vou defender algum político. O que eu defendo é a honestidade na análise das situações feitas pela mídia. O Bolsonaro é supervalorizado na vilania, enquanto que o Lula é subvalorizado nos defeitos.
Sabe por que o Bolsonaro está inelegível? Porque é culpa dele, ele merece.
Sabe por que o Lula está na pior fase de popularidade? Porque é culpa dele, ele merece.
Sabe por que o Brasil está assim? Porque é culpa nossa, a gente merece.
Como diz o Casseta Claudio Manoel: Os políticos eram eleitos com votos. Hoje são eleitos por devotos.
E no fim do dia, estamos todos presos nesse looping de idolatria cega e partidária, rindo da desgraça do vizinho de parede como se a gente não tivesse nada a ver. A gente anda tratando a política como uma gangorra ideológica.
Um peso, duas medidas? Não... 211 milhões de pesos, uma medida!
Eu costumo dizer que com eleitor eu até discuto,com devotos jamais.
Bravo!!!!! Muito bom artigo!