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Sobre "Monica", a obra-prima incoerente de Daniel Clowes

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Vicente Renner
set 27, 2024
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Resenhas sem sentido 

“[Produzir uma hq] é como criar uma criança. E então lançá-la no mundo é como pegar essa criança, quando ela ainda é pequena, e colocá-la sozinha numa estação de metrô”.

Daniel Clowes em entrevista para o NPR

Se Clowes estava preparado para lidar com a contradição de sua obra, a crítica não estava. Não ajuda que Monica seja quase um retorno ao formato antológico e fragmentado da Eightball. A hq é formada, em sua estrutura externa, por nove histórias presumivelmente conectadas, mas ligeiramente incoerentes na narrativa, no estilo e na extensão. 

Foxhole, primeiro capítulo, é uma história curta de guerra (presumivelmente ambientada no Vietnã). Pretty Penny é o segundo capítulo, mas é o primeiro ostensivamente autobiográfico: nele, Monica narra a vida de sua mãe, Penny, durante a revolução sexual. No final do capítulo, a protagonista é abandonada e entregue a seus avós maternos. Monica nos diz: “A partir desse momento, eu tive uma vida normal, feliz e protegida, mas nunca mais vi a minha mãe”. Nada disso é verdade. 

O capítulo seguinte, The Glow Infernal, é um dos melhores da hq. Também é um dos mais estranhos, e que mais facilmente caberia como uma história da Eightball: é um conto de terror sobrenatural, aparentemente ambientado nos anos 70 em uma cidade pequena e isolada da Nova Inglaterra que está sob a influência de um culto apocalíptico. 

Demonica é outro capítulo mais explicitamente autobiográfico. Nele, Monica narra o seu retorno, logo após o falecimento de seus avós maternos, à casa em que com eles passou os verões de sua infância. Parece simples e minimalista, certo? Não é: logo no início, Monica começa a conversar com o seu avô falecido através de um rádio estragado. No final, é possível que tudo seja um delírio comatoso.

Em The Incident, voltamos às histórias de gênero. O protagonista agora é Johnny, um dos soldados de Foxhole, ex-namorado de Penny, transformado em um detetive com uma missão: reunir um garoto, que fugiu para uma cidade isolada, com a sua família. Success é, novamente, um capítulo autobiográfico. Nele, Monica narra como se tornou milionária, e como isso levou ao seu isolamento social – e à jornada em busca de suas origens que é o mote da hq. 

The Opening the Way, o capítulo mais longo, une os capítulos de gênero, The Glow Infernal e The Incident, com os autobiográficos: Monica conta como a procura pela sua mãe lhe levou a ingressar em um culto religioso em uma cidade isolada. É pura paranoia introspectiva irreal clowesiana. Krugg é um monólogo de Leonard Krugg, artista hippie que é um dos candidatos a pai de Monica, ou ao menos uma versão fictícia desse candidato a pai. Finalmente, Doomsday é mais um capítulo autobiográfico. Ele nos mostra o solitário final de vida de Monica e o que possivelmente seja o Juízo Final.

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