O populismo político é um fenômeno que está presente nas sociedades desde a antiguidade grega, e sabiam bem os antigos dos perigos e receios deste fenômeno.
No nosso mundinho contemporâneo já presenciamos alguns momentos de populismo político: Reagan era um populista, o fenômeno Brexit foi um movimento populista, o trumpismo é outro. Por aqui, lulismo e bolsonarismo são correntes populistas que aprisionam a maior parte da sociedade.
Nunca me espantei com políticos populistas, afinal, uma das bases da vida política é justamente seduzir, bajular, agradar e assim ser querido pelo povo, ser popular. Não é para qualquer um essa vida (leiam Coriolano). Por isso nunca menosprezo um político, por pior que seja, afinal, eis uma criatura que consegue ser o que eu jamais seria: um ser que é capaz de vender a própria alma para agradar seus eleitores (ou seguidores).
Mas sempre me espantei e me enojei com aqueles intelectuais ou sabichões que dizem saber qual é afinal a tal “vontade popular” ou quais os verdadeiros interesses da população. Normalmente os que mais enchem a boca para falar essas coisas são aqueles intelectuais que jamais tiveram um emprego real, nunca pegaram um ônibus na vida, vivem às custas de empregos burocráticos ou da herança familiar, e nunca tiveram que escolher entre pagar a conta de luz ou o supermercado da semana. Em tempos recentes vemos surgir também os “intelectuais only fans”, isto é, aqueles que escrevem apenas para agradar ao seus seguidores, sempre evitando o desconforto das opiniões divergentes, contraditórias, ambíguas.
E são estes intelectuais que, ao se colocarem do lado do “verdadeiro povo”, quase sempre estão atrás de uma sinecura qualquer ou pior, sabem-se tão medíocres que nem isso conseguem, sendo apenas ressentidos incapazes de aceitar as desventuras da vida e os problemas comuns a todos nós, e terminam por acreditar que são os únicos a enxergar o mundo “como ele realmente é”, vendendo sua pseudo-sabedoria para incautos e desesperados.
Entre um político populista e um intelectual populista, sempre vou preferir o primeiro, ao menos este, ao vender sua alma para a política, não tenta disfarçar seu fedor de enxofre e sua amoralidade com citações livrescas e astúcias perfumadas, que no frigir dos ovos, quase sempre servem como justificativa para as piores figuras populistas da política.
Como dizia "ULISSES GUIMARÃES",Política tem todo tipo de gente, menos bobo
Conteúdo conciso e preciso. Parabéns!