#EnfadoMumificante
José Dirceu convoca a esquerda festiva para sua luta sem causa, resistência sem propósito e revolução sem futuro
Foi difícil escolher somente sete textos de Nelson Rodrigues para a última semana. Também é difícil parar a leitura dos Nelsons e voltar a olhar com mais atenção para os jornais novamente. E, ainda mais complexo, é escrever algo que pareça valer a pena. O negócio mesmo é repetir. Deixar de lado qualquer intenção criativa e repetir incansável e miseravelmente o que outros já disseram e teimamos em não ouvir.
As crônicas de Nelson tratam a nossa úlcera mental. Mostram como alimentamos a esquerda festiva. No tempo em que ele escrevia, alimentávamos a ideia estúpida, como se fosse a última bolacha (ou biscoito?) no pacotinho limitado de ideias que conseguimos nutrir. Mas, desde 2003, literalmente damos sangue, suor e lágrimas para manter a festa da esquerda festiva. A comida cara, a bebida cara, as viagens caras. Subvencionamos cada delírio revolucionário dos que já governam há décadas e ainda se comportam como perseguidos políticos.