Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.
(Mateus 12:30)
Existem dois tipos de pessoas no mundo: aquelas que acham que as pessoas podem ser divididas em dois tipos e aquelas que não acham.
Groucho Marx (atribuição apócrifa)
Há um surto de simplificação diante da vida, exigindo de maneira extremada que tudo seja dividido entre preto e branco, a favor e contra, sim e não. Por óbvio, há situações e momentos em que se há de ser radical. No campo da religião e da espiritualidade, uma vez feito o compromisso da fé, não há espaço para manobras. No quesito de princípios e valores, o posicionamento inflexível é ouro. Na questão de caráter, relativizar é inconcebível.
Foi no século III da presente era que Mani, profeta persa, elaborou uma filosofia religiosa, historicamente reconhecida como Maniqueísmo. A crença maniqueísta tem por base uma forma de pensar dualista, onde tudo é dividido em categorias opostas, de maneira absoluta e rígida. A descrição do mundo é um lugar de luta contínua, entre o bem (o mundo da luz) e o mal (o mundo das trevas). Mesmo não admitindo nuances ou zonas intermediárias, tencionava combinar em sincretismo com outras religiões. Tornando-se uma crença rival do Cristianismo enquanto este se espalhava pelo Oriente Médio, recebeu tratamento hostil por parte dos romanos e, com a chegada do Islamismo, foi praticamente extinta.
Sua influência, no entanto, pelo lado do dualismo resultando em polarização, vai muito além das questões da fé e da religião, desaguando com naturalidade no cotidiano do cidadão comum, definindo como ele pensa e enxerga a realidade.