#EraUmaVezADemocraciaXandrez...
O que é uma fraude de R$ 12,2 bilhões se comparada ao risco existencial causado por um tuíte mal redigido?
Era uma vez uma democracia xadrez, ou melhor, uma democracia xandrez. Nela, Alexandre pensa que é grande:
“Eu brinco com a minha equipe de segurança que eu não poderia morrer, o herói do filme precisa continuar”.
Ele é o herói porque é uma pessoa notável por sua coragem e pelos seus feitos extraordinários.
Sua luta é contra o inimigo mais medonho, mais terrível, mais maligno:
“A extrema-direita quer tomar o poder, não declarando que é contra a democracia, porque não teria apoio popular, mas alegando que as instituições democráticas são manipuladas”.
Com sua extremice, a direita ataca nosso herói. Afinal, as instituições não são manipuladas.
O juiz queria somente ajudar o banqueiro, cliente de sua esposa. Um pobre perseguido que, em um momento de distração, causou uma fraude de R$ 12,2 bilhões. Coisa pouca, dinheiro de cafezinho se comparado ao risco de um tuíte mal redigido.
Recebendo R$ 3,6 milhões por mês para garantir o “Minha Mansão, Minha Vida”, o escritório da família Moraes não precisou gastar tinta com petições. Para quê fazer sua esposa e filhos escreverem o que ele pode falar pessoalmente com mais convicção e bons argumentos?
Moraes entrou em contato com o Banco Central pelo menos três vezes e chamou Galípolo para uma conversinha para interceder por Vorcaro. Afinal, como ele mesmo já sentenciou:
“O bom juiz deve ser reconhecido pelo respeito, e não pelo medo, e que as suas decisões gerem paz social e não caos, incerteza e insegurança.”
E que paz! Para o banqueiro, a paz de ver seu negócio defendido no topo da cadeia alimentar. Para o cidadão, a segurança de saber que o herói está atento a tudo, especialmente ao fluxo de caixa dos clientes da sua esposa. O herói Xandrez fica mais confortável com fraudadores analógicos que pagam R$ 3 milhões por mês ao escritório da sua família do que com os perigosíssimos inimigos digitais.
“Se Goebbels estivesse vivo e com acesso ao X, nós estaríamos condenados. Os nazistas teriam conquistado o mundo”
O tuíte de um baderneiro nazista é um risco existencial, pois desonra o herói e assim desonra a Corte e assim desonra a democracia e assim desonra o país. Só gente honrada que fatura mais de R$ 3 milhões por mês pode compreender o perigo da desonra em toda a sua profundidade nessa cadeia produtiva. Por isso, ele estala seu chicote pedagógico para impedir a corrosão democrática.
“A história nos ensina que a impunidade não é espaço para pacificação. O caminho aparentemente mais fácil da impunidade deixa cicatrizes traumáticas e corrói a democracia”.
Para os críticos que pedem limites, ele tem a resposta pronta:
“Sob o falso lema de que ‘ah, eles precisam se autoconter... isso é coisa de autocrata, de ditador”.
Autocontenção é para os fracos. O herói não se contém. Ele se expande para todos os lados – menos para a extrema-direita demoníaca, claro. Ele liga para o BC, resolve o contrato e ainda encontra tempo para salvar o planeta de Elon Musk.
Na verdade, tudo isso é um grande engano xandrônico. Eles conversaram sobre a Magnitsky, amigos do NEIM. Assim como Toffoli, no jatinho, falou só de futebol com o advogado do Master. O contrato de R$ 130 milhões da família Moraes não tem nada a ver com as seis ligações em um mesmo dia que Alexandre fez para Galípolo. Pronto. Tudo certo. Muito bem explicado. Nada mais a declarar.
Como vemos diariamente nos jornais, a democracia está plena. As instituições funcionam com a precisão de um relógio suíço (ou de um depósito bancário pontual). O Estado Democrático E de Direito investiga o que deve ser investigado, não deixa morrer o herói que não dever ser morrido, não manipula instituições que só devem ser pastoreadas para o caminho da retidão, conta com o respeito inquestionável da sociedade..
E também evita qualquer forma de pacificação porque, afinal, quem merece ser punido, deve ser punido, de preferência com um rolo compressor… como prevê a Constituição. A nossa democracia Xandrez não arreda o pé dessa missão gloriosa.
O herói não morre no começo. Ele fatura até o fim.
Acompanhe a história da Dona União e Seus Três Poderes. Uma crônica histórica, ou melhor, uma história crônica sobre o quanto a República tentou, mas não conseguiu, penetrar em nossos pulmões. Os Arquétipos Preambulescos, a Parte 1 – O parto asmático e a Parte 2 - Os dentes e o voo da galinha já estão disponíveis.









Fechando o ano com chave….. podre, né?
Força Falstaff! Um dia a casa cairá!