#ErguesDaJustiçaAClavaForte
A afronta de Débora Rodrigues ao Judiciário foi não citar o autor da frase
Débora Rodrigues dos Santos não merece anistia.
Ela devia ser julgada pela Justiça, na instância adequada, e exclusivamente pelos atos que cometeu, sem excessos ou licença poética para interpretar o que ela efetivamente fez. Devia ser assim com qualquer um... Depois de ficar presa por mais de um ano sem denúncia, sem os mesmos benefícios recebidos por outras presas, a punição pela “pichação” já excedeu todos os limites minimamente razoáveis.
Mas Moraes e Dino não veem assim. Eles querem condenar a cabeleireira a 14 anos de prisão.
Segundo Alexander, ao escrever “Perdeu, Mané!” na estátua da Justiça, a ré teria depredado significativamente o monumento e cometido uma grave afronta ao Supremo Tribunal Federal e ao Poder Judiciário em sua totalidade. Será que o juiz que mais se sentiu ofendido foi justamente o autor da frase que ela citou?
Débora Rodrigues se tornou ré por: tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. A deterioração, diferentemente da pichação, envolve destruição e descaracterização da estátua, o que não ocorreu. Mas como a pena para deterioração é maior, foi a escolhida. Débora Rodrigues usou um batom para fazer tudo isso.
O Alexander, que já usou um facão para cortar pés de maconha, agora ergue da justiça a clava forte para punir a cabeleireira.
Nosso capitão caverna considerou que Débora participou do golpe porque comemorou alegremente depois de escrever na estátua. Segundo sua “tese”, ela estava tentando, com o batom, quebrar o pacto constitucional, estava mancomunada com aqueles que desejavam modificar o sagrado resultado das urnas.
A frase “Perdeu, Mané”, curiosamente, foi criada em outro momento de comemoração alegre. Em novembro de 2022, seu autor, Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal, a proferiu, nas ruas de Nova York, para mostrar que comemorava a vitória de Lula – ou talvez a derrota de Bolsonaro – com um complemento: “Perdeu, Mané, não amola”.
Posteriormente, ele admitiu ter agido sob o impacto da emoção, disse que raramente perdia a paciência; o problema é que, quando isso acontecia, tornava-se um evento de repercussão nacional. Apesar de lamentar o episódio, afirmou não se arrepender de sua conduta – como diria certo Jair, “e daí” que proceder de modo incompatível com a honra, dignidade e decoro do cargo seja considerado crime – para ministros do Supremo, não para cabeleireiras.
Em julho de 2023, a razão para essa postura foi revelada com a reincidência do mesmo crime – ou conduta lamentável, quem sabe. Durante um congresso da UNE, como se estivesse num palanque, Barroso, orgulhoso, vociferou, entre outras declarações pouco condizentes com a dignidade de tão elevado cargo, “nós derrotamos o bolsonarismo”. Exercício político-partidário também é crime – para ministros do Supremo, não para cabeleireiras.
Assim, o artigo 39 da Lei 1.079, que define os crimes de responsabilidade dos Ministros do Supremo, não impediu que Luís Roberto Barroso celebrasse abertamente a derrota eleitoral de Bolsonaro. Uma derrota bastante apertada, por sinal. Contudo, a cabeleireira, ao reagir com a mesma intensidade passional e estupidez ideológica, comemorando o que acreditava ser uma vitória, demonstra uma atitude que, de fato, contrasta com a seriedade esperada de sua profissão.
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Para dar um pouco de dimensão para a perversidade:
Em 2017, Adriana Ancelmo, ex-mulher de Sérgio Cabral, foi condenada a 13 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Passou menos de 6 meses presa. Com um filho que tinha 11 anos na época, ela pôde ser beneficiada pelo Marco Legal da Primeira Infância. Tudo pelo direito do menor, claro.
Na época, uma juíza teve o displante de lembrar que Ancelmo já havia viajado 47 vezes ao exterior sem os filhos e que tinha uma babá que recebia 20 mil reais por mês para cuidar das crianças. Gilmar Mendes, depois, destacou que a boa condição econômica não deveria ser usada em desfavor da criminosa. Ria, chore, mas não vá para a praça pintar estátua nenhuma, leitor.
O filho dela deve ter 19 anos agora, mas ela continua livre e leve.
Em 2020, uma mulher foi presa no Paraná com 13 kg de crack dentro do carro. Na época, seus 5 filhos tinham entre 1 e 12 anos. Em menos de dois meses, Gilmar Mendes concedeu prisão domiciliar.
Em 2022, uma mulher foi condenada a 9 anos de prisão por tráfico de drogas, ela substituía o chefe da quadrilha quando necessário e estava em execução definitiva da pena. Recebeu o benefício da prisão domiciliar porque estava num presídio longe dos filhos menores – uma situação excepcionalíssima, claro.
Em 2024, Grazielly Barbosa foi presa por homicídio, exercício ilegal da medicina, falsificação de produto farmacêutico, entre outras virtudes. Alexandre de Moraes concedeu prisão domiciliar para a moça, porque ela é mãe de uma criança que precisa de seus cuidados.
Em janeiro de 2025, uma mulher que foi presa com 5 gramas de crack, também recebeu prisão domiciliar de Gilmar Mendes, que afirmou que a quantidade de droga era mínima e era necessário “salvaguardar os direitos das crianças que podem ser impactadas pela ausência da mãe”. Ele também determinou a realização de mutirões carcerários para conceder o benefício da prisão domiciliar para mães de crianças até 12 anos. Só para traficantes e assassinas, claro.
Em fevereiro, uma babá em Sumaré agrediu e drogou uma bebê, foi presa preventivamente, mas já recebeu prisão domiciliar, porque a sujeita está grávida e é mãe de outras duas crianças menores de 12 anos.
São só alguns casos, escolhidos aqui e ali no Google, para mostrar que, afinal, todas essas mulheres que contribuem para as facções criminosas do país não são uma ameaça tão grande quanto a Débora. Nem mesmo a moça que foi capaz de se fingir de médica e matou outra mulher pode representar um perigo maior para a sociedade do que a Débora. Quanto à ex do Cabral, o que dizer? Essa merece ir para a mesma galeria de primeiras-damas que vai abrigar a Esbanja, mas representa zero perigo.
Os filhos de Débora Rodrigues têm 7 e 10 anos de idade e não merecem a atenção de nenhum juíz. Eles merecem a clava da justiça pela estupidez ideológica da mãe. Enquanto a sociedade toda merece pagar pela boçalidade de advogados disfarçados de juízes.
Texto que merece ser espalhado !
Só uma questão me tortura: até quando?