#EstratégiaCriminosa
O que importa para a imprensa? Atacar o racismo ou fumar um bagulho?
Como a maioria da população brasileira é contra as drogas, parte do jornalismo brasileiro decidiu apostar numa agenda antirracista para favorecer a - como é mesmo que chamam? - , “descriminalização da maconha”. O estratagema está exposto na manchete a seguir, extraída da Folha de S.Paulo:
SP enquadrou 31 mil negros como traficantes em situações similares a de brancos usuários
Levantamento do Insper com boletins de ocorrência de 2010 a 2020 mostra ainda influência de tipo de droga e grau de instrução do detido para conduta policial
Mais uma vez, tal como num exercício de crítica literária contemporânea (que tirou o prazer do texto), é possível identificar várias camadas no fragmento acima. A opção pela ordem direta do título parece servir à revelação de algo escondido, mas não passa de trucagem quando se lê até o fim: o fato de São Paulo ter utilizado um critério racista para identificar negros como traficantes e brancos como usuários.
O argumento é similar ao do magistrado Luis Roberto Barroso, que, na sessão de ontem, disse o seguinte, conforme cobertura do UOL:
na falta de critério, a mesma quantidade de drogas nos bairros mais elegantes das cidades brasileiras é tratada como consumo e na periferia é tratada como tráfico. O que nos queremos é acabar com essa discriminação entre ricos e pobres, basicamente entre brancos e negros.
Atuando em linha paralela, a cobertura da Folha de S.Paulo não deixa o ministro do Supremo na mão e logo traz o “levantamento do Insper”. Convém, aqui, fazer um desvio temático necessário para discutir como se constrói uma figura de autoridade no debate público. Em outras palavras: é hora de ativar o tradutor de lero-lero do NEIM.