No vídeo abaixo, jovens inconsequentes decidem fazer uma intervenção artística num museu. Assista!
Na dinâmica de redes sociais verticais, o vídeo acima é um tipo de conteúdo compartilhável por quem está na primeira camada. É um conteúdo de convencimento e conscientização que poderia funcionar melhor numa publi da Djamila Ribeiro no Instagram.
Mas nem todos são capazes de compreender a força contestadora de um ato simples como colocar um tênis velho como se fosse uma obra de arte num museu.
A arte é sempre revolucionária. E também filosófica.
Um tênis sujo pode ser usado para reorganizar o pensamento social diante de uma variedade heterogênea de contradições e desigualdades que continuam a assombrar as fissuras de argumentos filosóficos sistemáticos.
Jacques Derrida poderia estar agora olhando para o nada com seu cachimbo pendurado no canto inferior esquerdo da boca.
O nobre leitor jamais poderia imaginar que um simples tênis velho teria o poder de simbolizar o eterno caminhar da existência humana.
Numa leitura mais realista, podemos ver claramente o símbolo da opressão burguesa que faz com que as pessoas sejam identificadas com o próprio objeto de consumo.
E o tênis está sozinho, sem seu par. Por isso, pode muito bem representar o individualismo egocentrista da Era Pós-Industrial.
Mas confie na sua primeira intuição, nobre leitor. É apenas um tênis sujo que jovens inconsequentes dispuseram num canto qualquer de um museu, só para se divertirem às custas do pedantismo chique de quem acredita ser culto o bastante para ver complexidades inúteis num mundo de picaretagens explícitas.
Fiz Belas Artes nos anos 90,esse tipo de picaretagem já era velha naquela época(e ainda muito praticada).
Tenho um palpite sobre em quem votaram os apreciadores do tênis velho.