Depois de destruir as livrarias e o comércio de rua, Jeff Bezos quer destruir também o Washington Post. Desde que ele vetou um editorial a favor da candidatura de Kamala Harris, o jornal já perdeu 250 mil assinantes - 10% do total.
Ele se defendeu dizendo que os editoriais de apoio a um candidato não mudam um único voto e acabam minando a credibilidade da imprensa. Os dois argumentos são mentirosos. O propósito dos editoriais não é cabalar votos, fazendo propaganda eleitoral, e sim anunciar aos leitores, de maneira transparente, a linha de um jornal. Não existe editorial neutro: ele é necessariamente opinativo.
Quanto à credibilidade da imprensa, ela se mede, entre outras coisas, pela capacidade de resistir à vontade dos anunciantes, do governo e dos patrões, como Jeff Bezos.
Em 25 anos de carreira, que vai se encerrar melancolicamente na semana que vem, sempre denunciei o sectarismo da imprensa. Fiz questão de romper o escudo corporativo que protegia o agitprop partidário infiltrado nos jornais e na TV, e que se camuflava com um falso discurso de imparcialidade, igual ao de Jeff Bezos. Este site nasceu para isso: para escancarar o que a imprensa escondia a respeito de si.
O pepino não é o editorial favorável ou contrário a uma determinada candidatura, e sim a promiscuidade entre fato e opinião, entre patrão e empregado, entre noticia e propaganda, entre repórter e fonte, entre jornalista e governo, entre reportagem e entretenimento, entre matéria e press-release, entre veículo e rede social, entre manchete e algoritmo.
Jeff Bezos tem razão: a imprensa está morrendo. E ele é seu coveiro.
Concordo e discordo. Sem dúvida o editorial de um jornal sempre será opinativo e é praticamente impossível manter uma pretensa imparcialidade, soa artificial. Os jornais acabam falando p as respectivas bolhas, seja à direita ou à esquerda. Se o discurso não agrada a um lado, agradará ao outro, perde-se assinantes aqui, ganha-se ali.
Não existe a virtude de apontar equanimemente os defeitos e qualidades de Kamala e Trump; quem é Kamala só vê qualidades nela e defeitos em Trump, e vice-versa. Bezos pode tentar bancar esse virtuoso, mas é difícil. Talvez sirva p restabelecer um certo equilíbrio, já q a imprensa parece tender quase inteira p Kamala.
E Bezos revolucionou o comércio eletrônico, mas não deve ser visto como um bicho papão, se não fosse ele, seria outro. As livrarias de rua estão morrendo não por causa de Bezos, mas por conta da digitalização q tomou conta de praticamente tudo, o mundo hoje é digital; o mesmo aconteceu c muitas profissões q tb estão morrendo, ou até já morreram.
Caro Diogo
Não sou da geração de homens que se ajoelham facilmente - até porque se ajoelhou tem que rezar (ou chupar na versão pornô) - mas peço, de joelhos numa almofada, que você reconsidere a demissão final. Pense bem, que cazzo você fará da vida sem o cotidiano de absurdos que ocorrem no Brasil e no mundo? Se o filhão está em Nova York, não espere muitas ligações dele, que tem mais o que fazer. Sei disso, pois minha filha mora na Oceania e só me liga no Natal ou se o Corinthians for rebaixado.